Sempre que escuto falar no jornalista Vladimir Herzog, me vem
a cabeça aquela fotografia em que o corpo do jornalista aparece pendurado numa
grade da janela de sua cela com os joelhos dobrados, tocando o chão. O livro do
jornalista e ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Audálio
Dantas, As duas guerras de Vlado Herzog –
Da perseguição nazista na Europa à morte sob tortura no Brasil, serve para
humanizar o jornalista morto no DOI-CODI em 1975. Audálio transforma Herzog na
pessoa que ele realmente era e não num personagem cuja morte, para muitos, deu
início ao processo que culminou com o fim da Ditadura Militar no Brasil.
O livro começa com a perseguição nazista aos Herzog na Iugoslávia,
o refúgio na Itália e a posterior vinda para o Brasil, onde o jovem Vlado se
adaptou tão bem a ponto de adotar a terra que o acolheu como seu país natal. É aqui
no Brasil que ele vai descobrir seu interesse pela literatura, o teatro e o
cinema, mas, sobretudo pelo jornalismo, chegando a ser diretor da TV Cultura.
Em paralelo a vida pessoal e profissional de Herzog, o autor
relata as tentativas dos militares linha-dura de recrudescer as ações de
repressão aos grupos de oposição num momento em que o então general-presidente,
Ernesto Geisel, adotava, pelo menos publicamente, uma postura de abertura “lenta,
gradual e segura” do regime. Vlado vai ser vítima de um desses grupos
linha-dura, encastelado no DOI-CODI de São Paulo, que entre setembro e outubro
de 1975 promoveram uma verdadeira caçada aos jornalistas “subversivos”.
Um livro com linguagem acessível a todos que gostam de
história e querem conhecer a verdade sobre a Ditadura Militar.
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