O escritor alemão Günter Grass, Prêmio Nobel de literatura em
1999 e falecido em abril último, aos 87 anos, nunca deixou de confrontar o seu
país com seu passado nazista. E o seu próprio: aos 16 anos foi recrutado pela
Força Aérea da Alemanha nazista. Esse episódio e o fato de ter dito, em um
poema chamado O que deve ser dito,
que Israel ameaça a paz mundial devido a sua posição com relação ao Irã, tornou
o escritor “persona non grata” no Estado judeu.
Em O tambor, romance
de 1959, Grass toca na ferida do passado nazista da Alemanha. Nele, Grass conta
a história de Oskar, um garoto que se recusa a crescer criticando o mundo dos
adultos e a burguesia alemã da primeira metade do século XX, sempre batendo no
seu inseparável tambor e usando a sua voz vitricida quando alguém tentava
tomar-lhe o instrumento.
Em 1979 o livro foi adaptado para o cinema pelo
diretor Volker Schlöndorff, ganhando o Oscar de melhor filme estrangeiro. Se o
filme proporcionou-lhe popularidade, também trouxe-lhe problemas: Grass teve
que comparecer ao tribunal sob a acusação de pornografia. Uma leitura às vezes
cansativa, em que algumas passagens exigem que se tenha um pouco de
conhecimento histórico da época para entender a crítica ali contida, mas
fundamental para quem quer conhecer as grandes obras da literatura
contemporânea.
Nenhum comentário:
Postar um comentário