Leonardo Padura é um escritor
cubano que vive em Cuba e não quer sair de lá, mas se permite ser um crítico
constante do regime dos irmãos Castro. O
homem que amava os cachorros é um romance histórico que trata do
assassinato do revolucionário russo Leon Trotsky e que Padura consegue, a despeito
de serem fatos conhecidos há anos, transformar num thriller policial cheio de
suspense. As duzentas primeiras páginas são um pouco morosas, chegando mesmo a
dar sono, mas depois disso é impossível abandonar a leitura antes do seu final.
O romance se divide em três
linhas narrativas que se intercalam: a de Ramón Mercader, assassino de Trotsky;
a do próprio Tortsky e a de Ivan, um escritor frustrado cubano que tropeça na
história do assassinato do revolucionário russo por acaso. Na narrativa de
Mercader, acompanhamos como foi urdido o plano para assassinar Trotsky,
começando anos antes com os assassinatos de seus seguidores pelo mundo.
Na narrativa de Trotsky, se vê um
líder cada dia mais isolado do mundo e consciente de que r seu fim se
aproximava, sendo apenas uma questão de tempo a sua aniquilação, por causa
disso trabalhava incansavelmente. A narrativa de Ivan mostra as dificuldades de
se viver em Cuba. O próprio Ivan um escritor frustrado e veterinário
improvisado especialista em extrair cordas vocais dos porcos que seriam criados
ilegalmente em prédios e que, sem cordas vocais, não fariam barulho.
O livro tem méritos inegáveis. O
primeiro deles é prender o leitor numa história em que todos já sabem o final.
Outro mérito é mostrar uma Europa disputada por dois ditadores sanguinários que
se equivalem na sua capacidade de matar, a despeito das diferenças ideológicas:
Stálin e Hitler. Se o leitor conseguir atravessar a primeira terça parte do
livro, que é arrastada, se deparará com uma obra que nasceu para ser um
clássico.
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