Na última quarta-feira, acabou o
prazo para a declaração do Imposto de Renda. Fiz a minha em meados do mês e
tive uma surpresa. Durante o ano de 2013 sempre via aquela famigerada sigla me
surrupiando uma fatia expressiva do meu salário. Todo mês era uma lamentação
só, não tinha como escapar, não tinha como sonegar, me sentia como aquele
pedestre distraído que o pivete aproveita para meter a mão no fundo do seu
bolso, levar seu dinheiro e sair em desabalada carreira. A famigerada,
malfadada sigla a que me refiro é a IRRF, que significa Imposto de Renda Retido
na Fonte.
A minha (péssima) surpresa ao
fazer a declaração do Imposto de Renda em meados do mês foi que, sob essa sigla
horripilante, me garfaram um mês de salário. UM MÊS DE SALÁRIO!!! Durante um
longo e exaustivo mês eu tive que trabalhar DE GRAÇA para o governo. Trabalhei
um mês inteiro para pagar as viagens e diárias do Renan Calheiros, quando eu
não viajo em sem receber, muito menos com diária. Trabalhei um mês inteiro para
pagar as passagens aéreas para os deputados visitarem “suas bases”, não sendo
eu base de ninguém. Trabalhei um mês inteiro para pagar a conta do telefone do
gabinete do deputado Fulano que nem me representa.
Os mais legalistas podem alegar
que meu suado salário pode ter servido para bancar algum serviço essencial,
como saúde, educação ou segurança. Acho pouco provável, mas vamos admitir que
sim. Trabalhei um mês inteiro para bancar um serviço essencialmente porco (que
me perdoem os habitantes da pocilga)! Serviços que não funcionam ou funcionam
mal e porcamente! Serviços que não compensariam um dia do meu trabalho. Uma
hora que seja! Com a astúcia de um “dimenor” de rua, com a sutileza dos
batedores de carteira, o governo mete a mão no bolso do brasileiro sem dó nem
piedade.
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