sexta-feira, 2 de maio de 2014

IRRF

Na última quarta-feira, acabou o prazo para a declaração do Imposto de Renda. Fiz a minha em meados do mês e tive uma surpresa. Durante o ano de 2013 sempre via aquela famigerada sigla me surrupiando uma fatia expressiva do meu salário. Todo mês era uma lamentação só, não tinha como escapar, não tinha como sonegar, me sentia como aquele pedestre distraído que o pivete aproveita para meter a mão no fundo do seu bolso, levar seu dinheiro e sair em desabalada carreira. A famigerada, malfadada sigla a que me refiro é a IRRF, que significa Imposto de Renda Retido na Fonte.
A minha (péssima) surpresa ao fazer a declaração do Imposto de Renda em meados do mês foi que, sob essa sigla horripilante, me garfaram um mês de salário. UM MÊS DE SALÁRIO!!! Durante um longo e exaustivo mês eu tive que trabalhar DE GRAÇA para o governo. Trabalhei um mês inteiro para pagar as viagens e diárias do Renan Calheiros, quando eu não viajo em sem receber, muito menos com diária. Trabalhei um mês inteiro para pagar as passagens aéreas para os deputados visitarem “suas bases”, não sendo eu base de ninguém. Trabalhei um mês inteiro para pagar a conta do telefone do gabinete do deputado Fulano que nem me representa.
Os mais legalistas podem alegar que meu suado salário pode ter servido para bancar algum serviço essencial, como saúde, educação ou segurança. Acho pouco provável, mas vamos admitir que sim. Trabalhei um mês inteiro para bancar um serviço essencialmente porco (que me perdoem os habitantes da pocilga)! Serviços que não funcionam ou funcionam mal e porcamente! Serviços que não compensariam um dia do meu trabalho. Uma hora que seja! Com a astúcia de um “dimenor” de rua, com a sutileza dos batedores de carteira, o governo mete a mão no bolso do brasileiro sem dó nem piedade. 

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