Poderíamos dizer que As três Marias (2002), do diretor
Aluísio Abranches, é um filme esquisito com um roteiro nada original. É verdade
que filme tem suas esquisitices, mas o roteiro é apenas aparentemente comum.
Baseado numa poesia de cordel e com roteiro original de Heitor Dalia e Wilson
Freire, o filme conta a história de Filomena Capadócio, cujo marido e os dois
filhos homens foram assassinados a mando de Firmino Santos Guerra, a quem
Filomena abandoou no altar anos antes.
Para vingar o crime, Filomena
convoca suas três filhas, todas Marias, a vingarem a morte dos parentes,
contratando, cada uma, um matador. Nada original se não fossem os símbolos
espalhados ao longo da história, como a cena em que Filomena recebe a notícia
dos assassinatos, nos fundos da casa aparece um jardim de cactos, numa
representação da vida que esperava Filomena viúva, sem amor, sem sentimentos,
sem esperança.
O encontro das três irmãs com os
matadores contratados para vingar a morte do pai e dos irmãos também é cheio de
símbolos. Zé das cobras (Chico Díaz) vive na companhia de cobras e não fala com
mulheres; Cabo Tenório (Tuca Andrada) é um policial que só age dentro da lei,
apesar de ser matador; e Jesuíno Cruz (Vagner Moura) é um sujeito que acredita
na dualidade do homem, não sendo a toa que tem uma cicatriz que divide seu
rosto ao meio.
Mas o filme também tem
esquisitices, principalmente quando as três irmãs, Maria Francisca (Júlia
Lemmertz), Maria Rosa (Maria Luísa Mendonça) e Maria Pia (Luiza Mariani), estão
em cena. Apesar do filme se passar no Nordeste, as irmãs não têm sotaque da
região e vestem roupas modernas. Sem contar que aparecem do nada e não se sabe
de onde vem. Mas são apenas “pecadilhos” que não comprometem filme.
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