A segunda parte da trilogia Os caminhos da liberdade, do escritor
francês Jean-Paul Sartre, escrito em 1947, não é um romance sobre a guerra, mas
um romance sobre a sombra da guerra, que se avizinha depois da assinatura do
Acordo de Munique, pelo qual Inglaterra, França e Itália concordam em entregar
a Tchecoslováquia aos alemães. Toda a história se passa exatamente nos oito
dias que antecedem a assinatura do Acordo e a tensão é visível na narrativa e
nos diálogos entre os personagens.
Todos os personagens do volume
anterior da trilogia estão presentes e, mais uma vez, a liberdade é centro da
discussão. Em Sursis, a liberdade
individual é ilusória, estando subordinada aos acontecimentos políticos, ao
curso da história. Cada grupo político da época, pacifistas, belicistas, a
burguesia, os letrados, os analfabetos, vão buscar a sua liberdade de acordo
com o que as circunstâncias políticas lhes oferecem, seja se alistando, seja
desertando ou protestando contra a guerra.
O fascinante no livro é o caos na
narrativa, uma mistura de histórias de cerca de 12 narradores, o que dá uma
ideia do caos vivido pelos europeus nos momentos que antecedem a segunda Guerra
Mundial. Esse caos e a tensão vividos pelos personagens transpassam as páginas
de Sursis e chegam ao leitor. Um
livro fantástico!
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