A primeira coisa que me chamou a
atenção foi o título, uma temática nordestina. Depois o nome da autora, uma
mistura de pernambucana com norte-americana. Paguei (literalmente) para ler e
me dei bem. O livro é muito bom! Frances Pontes Peebles, autora de A costureira e o cangaceiro, é filha de
mãe pernambucana e pai norte-americano, nasceu em Pernambuco, mas vive e teve
formação acadêmica nos Estados Unidos, mora lá até hoje e escreveu o livro em
inglês. O livro mostra que a mistura rende bons frutos.
Em plena caatinga pernambucana,
mais precisamente em Taquaritinga do Norte, terra natal da autora, entre os
anos 20 e 30, as irmãs Emília e Luzia foram criadas pela tia, que lhes ensinou
o ofício de costureira. A educação de ambas foi idêntica, mas elas em nada se
parecem. Emília é mais bonita e sonha em ir morar na cidade grande e se vestir
igual às moças que aparecem na revista Fon
Fon. Luzia é mais nova, carrega um defeito no braço, consequência de um
acidente, o que a faz acreditar que não terá nenhum futuro brilhante e os
moradores da pequena cidade fazem questão de trata-la como uma aberração
A invasão de um grupo de
cangaceiros à pequena Taquaritinga vai fazer com que as vidas das irmãs
costureiras tomem destinos opostos. O líder do grupo, Falcão, se interessa por
Luzia e a leva com o grupo. Despojada do seu mundo (Luzia), Emília se sente
perdida, até conhecer Degas, um rapaz da cidade grande que a leva embora da
pequena Taquaritinga e casa com ela. O que parecia a realização de um sonho (um
príncipe encantado e a cidade grande) transforma-se num pesadelo que mostra a
Emília que a vida real é diferente do que ela lia nas revistas. Enquanto isso
Luzia perambula pela caatinga, se impondo à vida no cangaço e ficando famosa
como a única mulher do bando do cangaceiro falcão.
Apesar dos destinos opostos e de trilharem
caminhos sem volta, as irmãs vão sempre manter uma forte conexão uma com a
outra, sempre mantendo “contato” sem se falarem. Custa acreditar que uma
escritora que não viveu no país consiga fazer uma reconstituição histórica e
dos costumes do Brasil dos anos 20 com tanta propriedade, sem contar as
descrições da vida na caatinga. Um livro que não se pode deixar de ler...
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