segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Cinema nacional: Faroeste caboclo

Faroeste caboclo, a música foi escrita por Renato Russo durante uma fase solitária, quando tinha apenas 18 anos e atendia pelo nome de Trovador Solitário na noite brasiliense. A letra narra a história do baiano João de Santo Cristo e traz uma crítica social sobre as relações de classes e racial na Brasília dos anos 70, em plena ditadura militar. Com 129 versos e nove minutos de duração, a composição de Renato se tornou a MÚSICA, tocada pela banda Legião Urbana.
Pena que Faroeste Caboclo (2013), dirigido por René Sampaio e roteiro de Marcos Bersntein (o mesmo de Somos tão jovens), não possa ser considerado o FILME. Não que não tenha seus méritos, mas não ficou a altura da música. Enquanto que na música, Renato Russo usa uma linguagem mais crua para falar de violência e desigualdades sociais e raciais, no filme, o diretor René Sampaio, atento à juventude atual, pouco afeita a rupturas de paradigmas, deslocou o eixo central para a história de amor proibido entre o negro, pobre e nordestino João e a menina burguesa, filha de senador da República Maria Lúcia.
Mas para uma obra que se pretende pop, a questão racial é tocada e o diretor também acerta ao dar vida a uma Brasília que não existe mais e que foi esplendidamente ambientada em tela. Na realidade, com as mudanças feitas no roteiro com relação à canção que supostamente o inspira, além de trechos inventados, o diretor criou uma obra com assinatura própria que, mesmo não estando à altura da música, tem seus méritos.   


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