Faroeste caboclo, a música foi escrita por Renato Russo durante uma
fase solitária, quando tinha apenas 18 anos e atendia pelo nome de Trovador
Solitário na noite brasiliense. A letra narra a história do baiano João de
Santo Cristo e traz uma crítica social sobre as relações de classes e racial na
Brasília dos anos 70, em plena ditadura militar. Com 129 versos e nove minutos
de duração, a composição de Renato se tornou a MÚSICA, tocada pela banda Legião
Urbana.
Pena que Faroeste Caboclo (2013), dirigido por René Sampaio e roteiro de
Marcos Bersntein (o mesmo de Somos tão
jovens), não possa ser considerado o FILME. Não que não tenha seus méritos,
mas não ficou a altura da música. Enquanto que na música, Renato Russo usa uma
linguagem mais crua para falar de violência e desigualdades sociais e raciais,
no filme, o diretor René Sampaio, atento à juventude atual, pouco afeita a
rupturas de paradigmas, deslocou o eixo central para a história de amor
proibido entre o negro, pobre e nordestino João e a menina burguesa, filha de
senador da República Maria Lúcia.
Mas para uma obra que se pretende
pop, a questão racial é tocada e o diretor também acerta ao dar vida a uma
Brasília que não existe mais e que foi esplendidamente ambientada em tela. Na realidade,
com as mudanças feitas no roteiro com relação à canção que supostamente o
inspira, além de trechos inventados, o diretor criou uma obra com assinatura própria
que, mesmo não estando à altura da música, tem seus méritos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário