segunda-feira, 4 de março de 2013

O mundo é gay


Um acordo de lideranças estabeleceu que a presidência da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados ficará com o Partido Social Cristão (PSC). Até aí nada de mais. Apesar do líder do partido na Câmara afirmar que existem quatro nomes para assumir o cargo, o deputado Marco Feliciano (SP) disse que o escolhido era ele. Aí começam os problemas. O problema da indicação do deputado-pastor para esse colegiado é que é ali que o movimento LGBT tem trabalhado para alcançar seus direitos civis. O deputado Feliciano é pastor evangélico e propenso a declarações polêmicas e inoportunas, uma delas de que a Comissão dos Direito Humanos da Câmara seria um espaço de defesa dos “privilégios” de gays, lésbicas e transexuais.
E olhe que essa declaração é a menos polêmica, mesmo por que o deputado tem o direito de achar que acesso à dignidade humana é privilégio. Escandaloso é quando ele se refere aos africanos, sobre quem afirmou que “descendem de um ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato.” Por isso o continente é devastado pela fome, por pestes e doenças, segundo o deputado-pastor-filósofo. O problema da África, para ele, é espiritual, “se vence com oração”. Continuando em suas divagações, Feliciano diz que herdamos o gene africano, por isso alguns lugares no Brasil “são tão pesados”.
O deputado se refere ao sentimento entre duas pessoas do mesmo sexo como “podridão dos sentimentos” que levam “ao ódio, ao crime e a rejeição.” Apesar disso, não creio que a sua indicação para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara vá interferir de alguma forma no avanço das conquistas do movimento LGBT. Essas conquistas tem caráter inexorável e irreversível e é uma tendência do mundo minimamente civilizado, onde não estão incluídos o mundo islâmico e a mentalidade religiosa de alguns indivíduos. Entre outras conquistas, desde o dia 1º de março, pessoas do mesmo podem casar nos cartórios do estado de São Paulo sem precisar recorrer a justiça.
Comparo essa luta do movimento LGBT à Lei do Afonso Arinos, que instituiu o divórcio no Brasil, em 1977. Setores conservadores da sociedade vaticinaram que era o fim da família brasileira. Quase quatro décadas depois, a família brasileira não acabou apenas mudou de cara. O mesmo argumento é usado hoje para impedir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Com a legalização da união homoafetiva, a família brasileira não acabará, apenas mais uma vez mudará de cara. Tanto a Lei do Divórcio como a legalização da união homoafetiva, não criaram o fato, apenas legalizaram um fato pré-existente. Tanto o divórcio nos anos 70 como os casais gays são uma realidade, a lei apenas trará dignidade aos interessados. Dignidade que setores religiosos querem negar!
Nesse momento, com os avanços das conquistas LGBT, o mundo é gay.   

Um comentário:

  1. eu fico imaginando como uma pessoa tão incompetente, mas incompetente para raciocinar pode ser presidente de alguma coisa

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