Um acordo de lideranças
estabeleceu que a presidência da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos
Deputados ficará com o Partido Social Cristão (PSC). Até aí nada de mais. Apesar
do líder do partido na Câmara afirmar que existem quatro nomes para assumir o
cargo, o deputado Marco Feliciano (SP) disse que o escolhido era ele. Aí
começam os problemas. O problema da indicação do deputado-pastor para esse
colegiado é que é ali que o movimento LGBT tem trabalhado para alcançar seus
direitos civis. O deputado Feliciano é pastor evangélico e propenso a declarações
polêmicas e inoportunas, uma delas de que a Comissão dos Direito Humanos da
Câmara seria um espaço de defesa dos “privilégios” de gays, lésbicas e
transexuais.
E olhe que essa declaração é a
menos polêmica, mesmo por que o deputado tem o direito de achar que acesso à
dignidade humana é privilégio. Escandaloso é quando ele se refere aos
africanos, sobre quem afirmou que “descendem de um ancestral amaldiçoado por
Noé. Isso é fato.” Por isso o continente é devastado pela fome, por pestes e
doenças, segundo o deputado-pastor-filósofo. O problema da África, para ele, é
espiritual, “se vence com oração”. Continuando em suas divagações, Feliciano
diz que herdamos o gene africano, por isso alguns lugares no Brasil “são tão
pesados”.
O deputado se refere ao
sentimento entre duas pessoas do mesmo sexo como “podridão dos sentimentos” que
levam “ao ódio, ao crime e a rejeição.” Apesar disso, não creio que a sua
indicação para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara vá
interferir de alguma forma no avanço das conquistas do movimento LGBT. Essas
conquistas tem caráter inexorável e irreversível e é uma tendência do mundo minimamente
civilizado, onde não estão incluídos o mundo islâmico e a mentalidade religiosa
de alguns indivíduos. Entre outras conquistas, desde o dia 1º de março, pessoas
do mesmo podem casar nos cartórios do estado de São Paulo sem precisar recorrer
a justiça.
Comparo essa luta do movimento
LGBT à Lei do Afonso Arinos, que instituiu o divórcio no Brasil, em 1977.
Setores conservadores da sociedade vaticinaram que era o fim da família
brasileira. Quase quatro décadas depois, a família brasileira não acabou apenas
mudou de cara. O mesmo argumento é usado hoje para impedir o casamento entre
pessoas do mesmo sexo. Com a legalização da união homoafetiva, a família
brasileira não acabará, apenas mais uma vez mudará de cara. Tanto a Lei do
Divórcio como a legalização da união homoafetiva, não criaram o fato, apenas
legalizaram um fato pré-existente. Tanto o divórcio nos anos 70 como os casais
gays são uma realidade, a lei apenas trará dignidade aos interessados. Dignidade
que setores religiosos querem negar!
Nesse momento, com os avanços das
conquistas LGBT, o mundo é gay.
eu fico imaginando como uma pessoa tão incompetente, mas incompetente para raciocinar pode ser presidente de alguma coisa
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