Em Fantasma sai de cena, Philip Roth retorna a Diário de uma ilusão. O jovem e promissor escritor Nathan Zuckerman
agora é um velho escritor de 71 anos, alquebrado e doente. Depois de 11 anos
isolado nas montanhas Zuckerman à Nova York. Era para ser uma viagem rápida
para tratar de uma incontinência urinária, consequência de uma cirurgia de
próstata, mas Zuckerman cruza com três pessoas que o tiram da proteção das
montanhas, para onde se retirou após sofrer ameaças de morte, e o colocam
diante de sensações que ele julgava que não voltaria a sentir.
A primeira dessas pessoas é a
jovem escritora Jamie que, junto com o marido, planeja trocar de casa com
Zuckerman por temer a ameaça terrorista pós 11 de setembro. Jamie desperta em
Zuckerman os desejos do corpo que ele imaginava a muito adormecido. A segunda
pessoa é Amy Bellette, que ele vira apenas uma vez, aos 23 anos, na casa do seu
mentor e amante de amy, Lonoff. Longe de ser aquela moça linda e inteligente do
passado, Amy está velha e doente. A velhice é um tema recorrente nessa obra,
onde Zuckerman, uma escritor que não conhece celular, internet e computador, e
Amy, que não consegue se desprender do seu passado ao lado do seu amante,
destilam suas amarguras.
A terceira pessoa é Kliman, o
jovem e ambicioso escritor que quer aproveitar a admiração de Zuckerman por
Lonoff para usar suas memórias e escrever uma biografia sobre o escritor morte
trinta anos antes e esquecido pelo mercado editorial. Kliman encarna, aos olhos
envelhecidos de Zuckerman, o que a juventude tem de mais detestável. Roth usa a
eleição de Bush, em 2004, como pano de funda para estabelecer o paradoxo entre
os desejos do corpo e as limitações impostas pela velhice. Um romance
memorável...
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