quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Manual da paixão solitária – Moacyr Scliar


Atire a primeira pedra quem nunca praticou o prazer solitário, o famoso cinco contra um. Esse é o tema de Manual da paixão solitária (2008), de Moacyr Scliar, onde o escritor gaúcho romanceia o capítulo 38 do Gênesis, do Antigo Testamento, em que o patriarca Judá tenta da continuidade à sua linhagem.  Scliar retoma a fonte de outros dois livros seus: A mulher que escreveu a Bíblia (1999) e Os vendilhões do templo (2006). E faz isso, mais uma vez, com a genialidade que lhe foi peculiar.  Salientando que Scliar não adulterou nada. Como os narradores bíblicos não muito sucintos, muitas das informações descritas carecem de detalhes, o autor criou diálogos, descrições de passagens e personalidades, além de investigar as emoções dos personagens e o que os motivou a tomar decisões.
Num congresso de estudos bíblicos, o professor Haroldo Veiga de Assis e sua ex aluna e desafeta, Diana Medeiros, contam as história de Shelá e Tamar sob pontos de vistas distintos. A história de Shelá, filho de Judá, é contada pelo professor. Apaixonado por Tamar, Shelá ver seu irmão mais velho casar coma a amada. Ao morrer sem engravidá-la, Er passa essa obrigação para seu irmão, Onan, que pratica com a esposa o coito interrompido, não engravidando-a, sendo castigado por Deus com a morte. Com a morte do irmão, caberia a Shelá desposar a cunhada, por quem é apaixonado, mas seu pai, temendo perder o terceiro filho para Tamar, não autoriza o casamento. Privada de filhos e de marido, Tamar irá recorrer a um ardil que se tornará lendário.
Quem dá voz a bela e hipnotizante Tamar é a professora Diana, que busca desvendar os mistérios e as razões por trás dos fatos que definem os destinos da própria Tamar e de Shelá. Estigmatizada pela comunidade em que vivia, Tamar explica por que o seu casamento com Er não deu certo, por que nunca engravidou de Onan, declara seu desapontamento em não poder casar com Shelá e como preparou o ardil contra o patriarca. Uma bela história, um belo livro, como todos de Scliar...  

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