O que faz um livro aparentemente
despretensioso se transformar num dos maiores clássicos da literatura no século
XX? Talvez o fato de ser “aparentemente despretensioso”. É o caso de O apanhador no campo de centeio, escrito
pelo americano J. D. Salinger em 1945 e publicado em 1951. Escritor recluso,
Salinger emprega uma linguagem simples e curta ao narrar as angústias e
desventuras do adolescente Holden Caulfield durante um final de semana após ser
expulso do internato por desempenho insuficiente (notas baixas). Toda a
narrativa se dá no périplo do jovem Holden entre a escola e a sua casa, onde o
esperava o temido encontro com a família.
Mas o que o périplo do jovem
adolescente que tenta adiar o encontro (e as cobranças) com a família poderia
ter de interessante a ponto de transformar o livro num clássico? Salinger
descreve de forma clara a mente confusa de um jovem empregando uma linguagem
objetiva e sem floreios, descrevendo sua melancolia de maneira contagiante. E o
que não falta na vida do jovem Holden são motivos para sua depressão (pelo
menos na sua mente adolescente). Para ele só existem três pessoas que podem
tornar sua vida menos miserável: seu irmão Artie, já falecido; sua irmã Phoebe,
de 10 anos, que percebe as angústias do irmão, o que a torna uma heroína aos
seus olhos; e seu professor Antolini.
Este último personagem mostra a
Holden que o home adulto vive humildemente por uma causa ao invés de morrer
nobremente por ela. Esse pensamento do professor desperta em Holden o medo de
crescer e se tornar adulto faz com que ele enxergue a sociedade que o cerca de
forma vazia e superficial. O apanhador no
campo de centeio virou um clássico a ponto de tornar-se referência para
músicos e roteiristas (mesmo o autor nunca tendo autorizado a sua adaptação
para o cinema). O livro também influenciou alguns malucos, como Mark Chapman, o
assassino de John Lennon, que disse que a causa do assassinato estava no livro.
Outro maluco que se diz influenciado pelo livro é John Hinckley Jr., que em
1981 tentou matar o então presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan.
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