A decisão de ler Guerra e paz, de Tolstoi, deve ser
pensada. Não que seja uma leitura difícil, mas atravessar as cerca de 2.500
páginas demanda tempo. Necessariamente o leitor terá que abrir mão de algum
outro lazer para se dedicar à leitura. Mas posso garantir que vale a pena. No
final de 2011, a editora Cosac/Naify lançou uma nova edição da obra com
tradução diretamente do russo, feita pelo escritor Rubens Figueiredo, tarefa
que lhe tomou três anos. As edições
anteriores, uma do crítico brasileiro Oscar Mendes (do francês) e do escritor
português João Gaspar Simões (uma miscelânea de diferentes traduções) não são
fiéis ao original, anulando opções de estilo que são peculiares a Tolstói,
segundo os críticos.
E essa não é a única novidade
dessa edição. A sofisticação da encadernação impressiona: a capa é em tecido, o
papel utilizado foi do tipo Bíblia, que torna os calhamaços mais leves, com
ilustração de soldados russos em serigrafia, do artista russo Serguei
Adamovitch, feita em processo manual de impressão (ilustrações feitas
originalmente para um livro de conto do escritor russo encontrado num sebo de
São Petersburgo durante uma viagem de férias da responsável pela arte da
editora, em 2005). Foram incluídos também dois mapas para que o leitor se situe
nos cenários das batalhas e uma lista de nomes de personalidades e fatos
históricos que são citados no livro ou mesmo usados como personagens.
Nascido em 1828 em uma família da aristocracia
russa, Tolstói era obcecado pela história russa, pelas relações humanas e pela
literatura. Conseguiu unir essas três obsessões em Guerra e paz, onde permeia as histórias dos seus personagens com
momentos filosóficos sobre temas como o amor, o tempo e a morte. O livro conta
a história de duas importantes batalhas da história russa, ambas contra a então
poderosa França de Napoleão, e aproveita esses fatos históricos pata debater
sobre a identidade de um país, as imposições das nações mais ricas e o papel
das elites na resolução dos problemas sociais. Essa era uma característica de
Tolstói: não escrevia sem o propósito de expressar uma inquietação.
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