Conviver com um sujeito chato não
é algo agradável, se esse chato for evangélico a coisa assume contornos
desesperadores. Me causa calafrios quando vejo uma “entidade” com um terno um
número maior que ele (“o defunto era maior”, como dizia minha mãe), com uma
Bíblia de zíper e com bordas douradas vindo em minha direção. Mudo de calçada! Se
a chatice não bastasse ainda tem a arrogância daqueles que tem um lugar
reservado ao lado do supremo. O resto são almas a serem salvas! Os mais fervorosos
carregam na ponta da língua o indefectível “tá amarrado!” para esconjurar
qualquer coisa que seja considerado “do mundo” e não fala parte dos seus
sagrados preceitos. Quem devia está amarrado era ele! De preferencia com a boca
fechada.
Essa chatice “cristã” é
representada no Congresso Nacional por um grupo de “eleitos” que se denominam
bancada cristã. Entre essas sumidades está o deputado federal João Campos
(PSDB-GO), autor do PDC 234/2011, que quer revogar uma resolução do Conselho
Federal de Psicologia que veta os profissionais da área de fazer “curas gays”.
A resolução do CFP baseia-se numa decisão da Organização Mundial de Saúde que
retirou, há 22 anos, a homossexualidade do rol de doenças. A lógica é que se
não há doença não há cura. Portanto, adotar qualquer terapia visando a cura da
homossexualidade só tem um nome: charlatanismo. Sabemos que essa prática não
representa nenhuma novidade entre alguns pastores...
O grande problema é que esses
supostos guardiões dos tão valorosos preceitos cristãos ficam se preocupando
com o rabo alheio (perdoem-me o trocadilho) e não olham para os próprios rabos
(olha o trocadilho aí de novo!). Segundo o blog Frente Parlamentar Evangélica,
a bancada dos espadachins da vida alheia soma 56 deputados, destes, 32 (55%)
têm pendência na justiça, de acordo com a organização não governamental
Transparência Brasil. Respondem a todo tipo crime: formação de quadrilha,
estelionato, peculato, apropriação indébita, crimes patrimoniais, envolvimento
com máfias de caça-níqueis. Jesus descei da cruz!!
Se eu fosse parlamentar
apresentaria um projeto de lei para instituir no sistema de educação do país a “cura
evangélica”. De modo geral seria muito simples: aos líderes, como lhes sobra
inteligência, seria ministrada doses de honestidade e vergonha na cara; aos
liderados, como já têm honestidade e vergonha na cara, seriam ministradas doses
cavalares de inteligência e muita leitura (nada de decorar mecanicamente passagens
bíblicas!); e aos dois grupos seria ministradas pequenas doses, de hora em
hora, de tolerância. Dessa forma, teríamos um mundo muito melhor...
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