Jean-Louis Lebris de Kerouac
nasceu no estado norte americano de Massachusetts em 1922, filho mais novo de
uma família de origem franco-canadense e ficou conhecido no mundo todo como
Jack Kerouac, o pai e porta-voz do movimento Beat, títulos que rejeitava. Em
1943 foi dispensado pela Marinha por razões psiquiátricas e, entre idas e
vindas para Nova York, escreveu seu primeiro romance, Cidade pequena, cidade grande, publicado em 1950. Escrito de forma convencional, o livro foi
bem recebido pela crítica, mas não lhe trouxe nem fama nem dinheiro. Devido à
experiência com o primeiro livro, kerouac passou muito tempo sem publicar.
Durante as quase duas décadas em
que ficou sem publicar, viajou pelos Estados Unidos e México na companhia de
amigos, principalmente Neal Cassidy. Toas as suas experiências de viagem eram
registradas e deram origem aos seus livros que seriam publicados no futuro. O
principal deles, que lhe trouxe fama e dinheiro, foi On The Road, publicado em 1957, um relato da sua viagem por sete
anos pela Rota 66 na companhia de Cassidy e que seria consagrado mais tarde
como a “Bíblia Hippie”. Há muitas histórias em torno do livro, algumas condizem
com a verdade, outras não passam de lendas.
Usando um fôlego narrativo
alucinante, que ele chamava de prosa espontânea, escreveu o livro em três
semanas em folhas de papel manteiga coladas umas às outras para que ele não
precisasse trocar de folha à todo momento. O material, tal como ele escreveu,
foi rejeitado por vários editores. Quando
o material bruto chegou à mãos do editor Malcolm Cowley, em 1957, deu muito
trabalho para torna-lo publicável, já que Jack não se preocupou em cadenciar o
fluxo de palavras com parágrafos nem utilizou pontos e vírgulas. Dizem as más
línguas que Jack escreveu todo o livro sob efeitos de Benzendrina, o que ele
nega. Segundo ele, a única coisa que ele tomou nas três alucinantes semanas foi
café.
Os subterrâneos, publicado no ano seguinte, relata a experiência
dele quando se envolveu com uma moça negra, em 1953. Em 1960, publicou Tristessa, o relato de sua paixão por
uma prostituta mexicana viciada em morfina. No início dos anos 60 resolveu se
isolar no alto de uma colina por vários dias a base de álcool e drogas,
experiência relatada no livro Big Sur, publicado
em 1962. Toda a obra de Jack Kerouac é marcadamente autobiográfica e criou, em
torno da sua figura, uma mística libertadora.
No entanto, a biografia Jack Kerouac: king of the beats, do escritor
britânico Barry Miles, publicado pela primeira vez em 1998, desmistifica essa
imagem do escritor, retratando-o como alcoólatra, machista, antissemita,
oportunista e insensível que não hesitava em procurar os amigos quando estava
em dificuldades e esquecê-los por completo quando tinha dinheiro. No livro de
Miles, chama a atenção dois aspectos da sexualidade de Kerouac: a paixão pela
mãe (e dela por ele), o que atrapalhava os seus relacionamentos com as
mulheres; e a sua insistência em negar aspectos da sua sexualidade,
principalmente a sua tração por homens.
Kerouac morreu em 21 de outubro
de 1969, aos 47 anos, de cirrose hepática. Se estivesse vivo, faria hoje 96
anos.
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