“As pessoas não precisam de amor. Precisam é de sucesso, de uma forma
ou de outra. Pode ser que seja no amor, mas não necessariamente”.
O segundo romance de Charles
Bukowski, Factótum, lançado em 1975,
não é um livro para ser lido por qualquer um, como toda a sua obra. Mais uma
vez está lá o alter-ego do autor, o anti-herói Henry Chinaski, com suas
bebedeiras, suas confusões, seus empregos efêmeros e suas amantes idem. A
sordidez presente em Factótum, que
para muitos seria um demérito da obra, representa o seu ponto forte quando se
trata de Charles Bukowski, “O velho safado” da literatura mundial.
“A alma de um homem está profundamente enraizada em seu estômago.”
Nessa obra, Chinaski é considerado
inapto para o serviço militar, portanto não pôde combater na Segunda Guerra
Mundial. Então, o que fazer quando todo o país está unido para o combate e você
não está entre os “heróis”? Para Chinaski, o mais apropriado é beber muito,
trepar muito e escrever muito. E de vez em quando arrumar um emprego para
comprar muita bebida, pagar (atrasado) o aluguel e comer o suficiente para ter
forças para escrever. É uma versão Bukowskiana do artista quando jovem.
“Uma mulher é um emprego de
turno integral.”
A cada livro, Bukowski exercita
seu desapego levado ao extremo. E em Factótum
não é diferente. Nada prende Henry Chinaski! Nem amores, nem trabalho, nem
pai nem mãe. Nada! Como são comuns nas obras de Bukowski, os diálogos dessa
obra são memoráveis pela simplicidade associada à profundidade. O Velho Buk
fala sem rodeios tudo o que a maioria quer falar ou ouvir. O grande mérito de
Bukowski é conseguir viver numa liberdade absoluta, mesmo estando na miséria.
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