“Fico me perguntando se haverá vida depois da morte e, se houver, se
eles me permitirão chegar ao fim dos meus dias”.
Woody Allen é praticamente uma
unanimidade como cineasta, mas não creio que seja como escritor. Pelo menos é
essa conclusão a que se chega lendo alguns dos seus livros. Sem plumas, publicado originalmente em
1975, na edição brasileira da editora L&PM há uma curiosidade. Ali é dito
fala que a obra é composta de 18 textos. Na realidade são dezessete. Outra
curiosidade é que o livro teria frequentado as listas dos mais vendidos em todo
o mundo. É difícil de saber a razão para isso. O livro não é bom. Tem textos
bons, mas tais textos não seriam suficientes para torna-lo um best-seller.
“E depois da morte, ainda será necessário tomar banho?”
Em Excertos de um diário, a sensação que fica é que se você nunca ler
o texto não terá perdido nada. A sensação insiste em permanecer no segundo
texto, Examinando fenômenos psíquicos. No
terceiro, Alguns balés sem importância, fiquei
seriamente tentado a abandonar a leitura, pois esse texto faz jus ao título. No
quarto, Os pergaminhos, a esperança
ressurge. É um texto que traz sutis críticas (irônicas) às religiões. Em As mulheres de Lovborg, a sensação é que
Allen não escreve, apenas coloca as palavras umas depois das outras,
aleatoriamente. Finalmente o leitor se depara com um texto digno de um gênio
que dizem que Allen é, Puta com PhD, uma
sátira com os romances noir, onde as
prostitutas não vendem sexo, mas seu conhecimento literário.
“Morrer é uma das coisas que mais detesto fazer”.
O texto seguinte também é bom, Morte, sobre um sujeito pacato
(eufemismo para medroso) chamado Kleinman, é acordado de madrugada pelos homens
da pequena cidade onde morava para caçar um serial
killer que estava atacando na região. Depois desse texto, o que se vê é uma
aridez criativa (ou seria excesso de criatividade? O problema estaria nesse
pobre leitor ignorante?), escapando apenas mais um texto, Deus, sobre uma peça que se passa na Grécia Antiga que o autor não
consegue escrever o final. Os outros nove textos são um amontoado de piadas sem
graça, aquelas piadas tipicamente americanas em que somente os americanos riem.
Se elas realmente são engraçadas, o resto da humanidade é parvo.
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