A chamada “delação do fim do
mundo”, que veio à tona na semana passada, poderia representar um divisor de
águas na história política brasileira. Só poderia! Facilmente veremos, no ano que
vem, os 39 deputados federais, os 24 senadores e os 12 governadores denunciados
pelos executivos e ex-dirigentes da construtora Odebrecht reeleitos ou eleitos
para algum cargo eletivo. Se os políticos são as prostitutas de luxo do
empresariado, como vimos nas delações, onde ninguém é de ninguém, vale quem der
mais, o eleitor é a puta barata do político, se vendendo por qualquer carguinho
comissionado ou favores menores ainda.
Mas nem tudo está perdido! Temos Romero
Jucá, o Sincero. O indefectível senador Romero Jucá, do PMDB de Roraima, teve
um surto de sinceridade em meio à uma enxurrada de desculpas esfarrapadas. É costume
aos envolvidos em escândalos, qualquer escândalo, emitir aquela nota protocolar
em que afirma que “todas as doações foram registradas legalmente e a prestação
de contas foi aprovada pela justiça eleitoral” ou “estou à disposição da
justiça para qualquer esclarecimento” ou ainda “minha inocência será comprovada
no decorrer do processo”. Parece até que fazem Ctrl+C/Ctrl+V.
Mas Romero Jucá, o Sincero, fez
diferente. Podem acusa-lo de qualquer coisa, menos de falta de originalidade. Citado
em cinco inquéritos por suspeita de receber dinheiro em troca de aprovação de
Medidas Provisórias, Jucá, o Sincero, falou numa entrevista na rádio CBN que
por “R$ 150 mil não se vende Medida Provisória nem na feira do Paraguai”. Tá
certo! As Medidas provisórias de Brasília são originais, portanto são mais
caras. Vai querer comparar uma MP original de fábrica com uma produzida na
China ou em Taiwan? Que disparate!
Se Renan Calheiros (PMDB-AL) é
acusado de receber, em apenas um dos quatro inquéritos, R$ 4 milhões, por que o
nosso Jucá, o Sincero, teria que se contentar com “apenas” R$ 150 mil? Se
Valdir Raupp (PMDB-RO) é acusado de ter um “fundo” de R$ 20 milhões originário
da Odebrecht e Andrade Gutierrez, por que nosso transparente Jucá tem que se
contentar com reles R$ 150 mil? Jucá, o nacionalista, está apenas defendendo a
MP nacional contra a MP fabricada no estrangeiro de qualidade duvidosa. Jucá, o
legalista, está apenas defendendo a MP original de fábrica contra a pirataria que
destrói os empregos do nosso povo.
Contra a Medida Provisória
pirata!
Conta a Medida Provisória
imperialista!
Pela isonomia na corrupção!
Viva Jucá, o Sincero!
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