“Em toda parte do mundo uma dúzia de ingleses juntos queria dizer um
clube”. (Mário Filho)
Em 2014, ano em que se realizava
a segunda Copa do Mundo no Brasil (para quem não sabe, a primeira foi em 1950),
a editora Saraiva lançou um volume com crônicas relacionadas ao futebol. A boa
notícia é que Um time de primeira faz
jus ao título e reúne grandes nomes da literatura brasileira para falar sobre a
paixão brasileira. A má notícia é quem nem todos entendem do assunto. Ou o
futebol ainda não era o fenômeno que é hoje. É o caso do poema Franzina, de Mário de Andrade (ou sou eu
que não entendo, nem gosto, de poesia?). Logo depois, com João do Rio e Coelho
Neto, seis crônicas que não empolgam muito.
“Em trinta segundos, Garrincha desmoralizou o quadro científico da
Rússia”. (Nelson Rodrigues)
Mas é fantástico ler Lima
Barreto, lá no início do século XX, quando o futebol ainda engatinhava no
Brasil, chamando a atenção para os malefícios do esporte para o país, em Bendito football, quando afirma que “o football é eminentemente um fator de
dissensão” para o país. Ou ainda quando critica, de forma irônica, a violência
do esporte, em Vantagens do football, e
os seus malefícios à saúde, em Ainda e
sempre. Repito: essas crônicas foram escritas nos primórdios do século XX
quando o futebol ainda não era uma paixão nacional.
“Somos o povo que berra o insulto e sussurra o elogio”. (Nelson
Rodrigues)
Mas os textos se tornam clássicos
quando entra em cena o jornalista Mário Filho, um apaixonado pelo esporte. Em Nasce o Fluminense, o cronista narra a
história de Oscar Cox, um dos pioneiros da prática do futebol no Rio de Janeiro
e um dos fundadores do tricolor carioca e seu primeiro presidente. Em O primeiro Fla-Flu, conta a história do
primeiro clássico carioca, no ano de 1912. Outro apaixonado pelo futebol é seu
irmão, o dramaturgo Nelson Rodrigues, que contribui com seis crônicas, todas
tendo a seleção brasileira como personagem. O entusiasmo com que Nelson
Rodrigues narra as proezas e fracassos da seleção canarinho é contagiante.
“O maracanã nasceu com a vocação da vaia”. (Nelson Rodrigues)
O poeta Vinícius de Moraes dá sua
contribuição falando poeticamente, claro, sobre a seleção de 1962. Rubem
Fonseca, em Abril, no Rio, em 1970, conta
a história de um jovem que tenta sorte
no futebol. Em Copa do Mundo: alegria e
sofrimento, lembra a Copa de 1950 e a tristeza pela perda do título naquele
lendário Brasil e Uruguai no Maracanã. Aí vem Luis Fernando Veríssimo, com seus
saborosos textos fazendo um retrospecto das Seleções Brasileiras de 1970 a 1998
em Recapitulando. Depois, em Prefiro terremoto, fala da final da Copa
de 2002, quando o Brasil derrotou a Alemanha com dois gols de Ronaldo, o
Fenômeno. No final, dois poemas de João Cabral de Melo Neto. Ou futebol não
combina com poesia ou eu, definitivamente, não gosto de poesia.
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