“É óbvio que o pior boquete é melhor que, digamos, cheirar a melhor
rosa... assistir ao melhor pôr do sol. Ouvir risada de criança”.
Victor Mancini mantem sua mãe
internada numa clínica para idosos. No entanto, o seu salário como figurante em
uma cidade medieval cenográfica num museu não é suficiente para pagar as
despesas da mãe com Alzheimer. Para complementar sua renda, Victor vive de
pequenos golpes. Um deles é simular um engasgo no meio do restaurante até que
alguém se apresente para “salvá-lo”. Esse herói salvador se sentia responsável
pelo seu bem estar e, invariavelmente, lhe mandava cheques pelo correio. Sexólatra,
Victor frequenta grupos de ajuda não para controlar seus impulsos sexuais, mas
para aplicar outro golpe: se aproveitar das mulheres na mesma situação.
“A real era que, se Cristo tivesse rido na cruz, ou cuspido nos
romanos, se ele tivesse feito outra coisa que não sofrer, o garoto teria curtido
mais a igreja”.
Esse lado da personalidade de
Victor desperta o asco de leitor. Mas quando visita a mãe na clínica, o seu
lado altruísta vem à tona assumindo o papel de vilão na vida dos internos com
distúrbios mentais que o acusam das mais variadas maldades. Victor assume todas
essas culpas com uma espécie de alívio. Victor tem uma relação desgastante e
conturbada com a mãe desde a infância, quando, em virtude das suas muitas
prisões, era obrigado a mudar constantemente de lar e, muitas vezes, ser cúmplice
dos pequenos delitos que ela cometia. Além de tudo isso, a velha carrega um
segredo sobre a concepção de Victor, que este tenta descobrir antes que a sua
memória se apague definitivamente.
“A única coisa que nos separa dos bichos é que temos pornografia”.
É nesse momento que entra em cena
a doutora Paige Marshall, que trabalha na clinica e se compromete a descobrir
esses segredos em troca de favores sexuais de Victor. O que poderia parecer
fácil se torna impossível para Victor, que se apaixona por ela. O problema é
que a Doutora Marshall também carrega um segredo. No sufoco é o quarto livro de Palahniuk, publicado em 2001 e, a
exemplo dos anteriores, mostra os dramas e conflitos humanos misturando o bizarro com o absurdo. Não está
entre os melhores livros de autor americano (Clube da luta continua imbatível), mas carrega em consigo aquele
humor negro característico de Palahniuk.
Nenhum comentário:
Postar um comentário