“Essa história de príncipe encantado foi criada para confundir os
hormônios femininos”.
A crônica, de autoria de Antônio
Pastoriza, é publicada no jornal pouco antes dele entrar no avião. O título
dela é o mesmo do livro e se inspira no momento em que o personagem coloca o
número do telefone e o nome no verso do cartão de embarque para o caso de uma
emergência. A crônica é dedicada a uma personagem misteriosa: Nina, uma
ex-namorada que ninguém conhecia pelo apelido íntimo. Mas quem é Nina? Esse é o
ponto de partida de O verso do cartão de
embarque, terceiro livro do jornalista e professor da Universidade Federal
Fluminense Felipe pena, publicado em 2011.
“Caos não é desordem. É a criação de uma nova ordem no interior da
própria desordem”.
O primeiro capítulo do livro traz
a misteriosa crônica. Os demais capítulos se dividem entre a narrativa de
Antônio Pastoriza sobre a sua viagem; as divertidas e patéticas atas de
reuniões dos professores da universidade onde Pastoriza trabalha, que tentam
desvendar o mistério da identidade de Nina e do paradeiro do professor, mas que
nunca chegam a uma conclusão; e as histórias da jornalista Berenice e a
nutricionista Nicole, as duas ex-namoradas que atribuem a si o misterioso
apelido de “Nina”. Ambas serão alvos da “investigação” levada a cabo pela
comitiva de professores que querem descobrir, afinal, quem é Nina.
“As frases não ditas são eternas”.
Curiosamente, a orelha do livro é
escrita pelo misterioso personagem Antônio Pastoriza, algo incomum. Mas o autor
justifica: “A orelha é um exercício de hipocrisia na literatura, sempre é um
amigo que a escreve. Então em vez de pedir a um amigo para escrever, aliás, eu
até pedi, mas alguns recusaram – acho que não são muito amigos, eu pedi
para o personagem, o personagem escreveu e me elogiou. E eu sou muito
grato ao personagem por ele ter feito a orelha para mim”. O verso do cartão de embarque não é uma obra para se levar na
lembrança por toda a vida, mas é um bom passatempo.
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