“Refrear a curiosidade é uma coisa; vencê-la é outra”.
Ao lado de Drácula (1897), de Bram
Stoker, e Frankenstein (1818), de Mary Shelley, O médico e o monstro, do escocês Robert Louis Stevenson, publicado
em 1886, forma o trio de ouro do romance de terror. Mas o que faz dessa novela
de Stevenson um clássico? O livro é reflexo das teorias psicanalíticas que eram
debatidas pela sociedade inglesa da Era Vitoriana, abordando questões como o
bem e o mal e a possibilidade de um indivíduo ter dupla personalidade a ponto
de viver duas vidas paralelas. Inclusive, Stevenson buscou inspiração no caso
real de um marceneiro que durante o dia era um cidadão modelo e à noite entrava
nas casas da vizinhança para roubar.
“Foi a partir do meu lado moral, e em meu próprio ser, que aprendi a
reconhecer a completa e primitiva dualidade humana”.
Tudo começa quando o renomado Dr.
Henry Jekyll pede ao seu amigo e advogado Mr. Gabriel Utterson elabore seu
testamento deixando tudo para um misterioso Mr. Hyde. Preocupado com a estranha
decisão do amigo, Mr. Utterson começa a investigar e chega até um amigo do Dr.
Jekyll, o também médico Dr. Lanyon, que lhe indica um pequeno laboratório perto
da casa do Dr. Jekyll onde Mr. Hyde era visto com muita constância. De vigília
no local indicado, o advogado consegue ficar frente a frente com a misteriosa
figura, chamando a sua atenção a aparência física grotesca e deformada do
eventual herdeiro do renomado médico.
“Toas as coisas têm seu final, mesmo o maior receptáculo acaba por
encher-se, e essa breve rendição ao meu mal finalmente destruiu o equilíbrio de
minha alma”.
Intrigado, o advogado indaga Dr.
Jekyll sobre a sua decisão de deixar tudo para tão estranha figura, este apenas
afirma que é necessário. Um ano depois, um cidadão londrino é assassinado e a
arma do crime é uma bengala que pertence ao Dr. Jekyll e que estava com um
sujeito com as mesmas características de Mr. Hyde, segundo uma testemunha.
Alertado por Mr. Utterson sobre o perigo que estava correndo, o médico falou
que o seu herdeiro tinha sumido e deixado uma carta de despedida. Muitos são os
mistérios que só serão desvendados ao final da história, como também muitos são
os questionamentos sobre a dicotomia que compõe a personalidade humana. Estes,
até hoje sem respostas.
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