Hoje vou dá uma pausa na
literatura e falar sobre outra das minhas paixões, o futebol. Infelizmente, num
momento triste, muito triste. Quem me conhece sabe que sou patologicamente apaixonado
por livros e alucinadamente louco por futebol. Acordei hoje com a notícia de
que o avião que transportava a delegação da Chapecoense e jornalistas para a
Colômbia para o jogo final da Sul Americana tinha caído e que mais de setenta
pessoas tinha morrido. Entre elas, a maioria do elenco do time catarinense. Meu
coração apertou, a garganta fechou, o dia nublou, ficou cinza. Para alguns pode
parecer exagero, para mim não.
Assisto futebol pelo menos duas
vezes por semana. E o hábito de ver os mesmos atletas disputando várias
competições (Brasileirão, Copa do Brasil, Libertadores, Sul Americana), trocando
de time, comemorando na vitória e chorando na derrota me dá a sensação que
aqueles sujeitos são meus conhecidos com quem cruzo na ida ao trabalho ou no
supermercado. Não sei se mais alguém tem essa sensação. Eu tenho! E por isso
que senti o golpe quando vi a notícia da morte por atacado desses “conhecidos”.
Tenho meu time de coração, mas
sempre torço por aquele time considerado “pequeno”, menos tradicional, de menor
projeção, como queiram falar (Será que essa é uma característica daqueles
humanos que amam o futebol?). E o time da Chapecoense era um deles. Torci em
muitos momentos quando o time de Santa Catarina enfrentou times de maior
projeção, como torci também por Sport, Vitória, Figueirense, Santa Cruz, entre
outros. Na semana passada quase enfartei com a defesa do goleiro Danilo no
último minuto da partida contra o San Lorenzo, da Argentina. Danilo agora está
morto!
A Associação Chapecoense de
Futebol é um fenômeno. Fundado em 1973, há apenas sete anos estava na quarta
divisão do futebol nacional e somente em 2014 estreou na elite do Brasileirão,
para não mais sair. Ou seja, em cinco anos o clube foi da série D à A. E em três
temporadas na elite, nunca ficou sob a ameaça de rebaixamento. Com a bagunça
que são as finanças dos clubes brasileiros, a Chapecoense, com seu planejamento
à longo prazo, salários realistas e orçamento enxuto, se transformou num
príncipe entre sapos, num cisne entre patinhos feios.
Nesse momento de profunda tristeza,
minha solidariedade aos torcedores da Chape. Minha solidariedade aos amantes do
futebol. Minha solidariedade aos verdadeiramente humanos.