“Mais do que mero exercício de retórica, afrontar o senso comum sempre
lhe pareceu emérita prática cotidiana”.
Henry David Thoreau nasceu em
1817, nos Estados Unidos. Viveu sua breve vida e morreu na pequena cidade de
Concord no estado de Massachusetts. Misantropo, misógino, radical e irredutível
em suas opiniões a ponto de se tornar inconveniente e descortês, era o que hoje
chamaríamos de um “chato de galochas”. Eternamente insatisfeito com a vida em
sociedade, os 27 anos, em 1845, resolveu morar sozinho na floresta. Durante
dois anos, dois meses e dois dias, às margens do lago Walden, viveu do que
plantou, morou numa cabana construída por ele mesmo e produziu o próprio pão.
“Acho saudável ficar sozinho a
maior parte do tempo. Estar em companhia, mesmo a melhor delas, logo se torna
enfadonho e dispersivo. Gosto de ficar sozinho. Nunca encontrei uma companhia
mais companheira do que a solidão.”
Desse período de profunda
reflexão e leituras, surge o livro Walden,
publicado em 1854, um misto de autobiografia, manual de autossuficiência,
manifesto poético e declaração de independência pessoal. Com uma narrativa
lenta, detalhada e despretensiosa, Thoreau fala sobre tudo: por que se afastou
da sociedade capitalista que tanto criticava, como construiu a casa que morava,
a sua dieta, a sua rotina durante o isolamento, por que saiu do isolamento e
voltou para a sua cidade.
“O que o homem tem de melhor logo se mistura à terra para se
transformar em adubo”.
Além das questões do cotidiano, Thoreau
analisou temas como economia, leituras, solidão, educação e como viver em
harmonia com a natureza. Walden não
se tornou um clássico da literatura e influência para movimentos atuais como os
de sustentabilidade ambiental e vegetarianismo à toa. Sempre afrontando o senso
comum, Thoreau fez severas críticas a comportamentos humanos como o consumismo
e exploração capitalista. Não se pode afirmar que é uma leitura prazerosa,
diria até que em alguns momentos é sonolenta, mas entre bocejos e cochilos é
possível “pescar” a importância da obra para a posteridade.
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