“Minha
ideia era escrever uma frase, uma única frase perfeita. Se pudesse escrever uma
frase boa, escreveria duas, e se pudesse escrever duas, escreveria três, e se pudesse
escrever três, escreveria para sempre”.
John Fante escreveu uma série de
quatro romances, chamados de “O quarteto Bandini”, tendo como personagem seu
alter ego Arturo Bandini. Cronologicamente, seria o último da série, publicado
em 1982, um ano antes da morte do autor (Rumo
a Los Angeles, que deveria ser o primeiro da série, permaneceu inédito até
1985). Já cego, debilitado e com as duas pernas amputadas devido à diabetes, o
livro foi ditado à sua esposa, numa cama de hospital, que transcreveu toas as
suas palavras. Talvez por isso a
narrativa consiga transferir o leitor para a Los Angeles dos anos 30 de forma
tão real.
"Por favor, Deus, por favor, Knut Hamsun, não me abandonar agora”.
Arturo Bandini agora tem, em
1934, 21 anos e está em Los Angeles tentando viver da sua escrita. Com a
maturidade de um adolescente de 15 anos, continua ingênuo e fazendo coisas
descabidas, como gastar todo o seu dinheiro com roupas e bebidas, fingindo ser
alguém importante. Trabalhando como ajudante de garçom, chega a ser contratado
por um estúdio de Hollywood depois de ter um conto seu publicado, mas esbarra
no conflito “arte X mercado”. Mesmo após ser demitido, consegue um emprego de
roteirista reserva, pelo qual ganhava muito bem mesmo sem trabalhar.
“A melhor coisa da minha colaboração com Velda foi o dinheiro”.
Foi como roteirista reserva que
Bandini cruzou com personagens hilários, certamente inspirados em modelos reais
pertencentes à fauna Hollywoodiana da época, como Gustave Du Mont, um revisor que não
larga os gatos; Frank Edington, vagamente homossexual e viciado em jogos de
criança; Velda van der Zee, roteirista de Hollywood que adora falar da vida
alheia e com quem Bandini escreve o roteiro de um hilariante faroeste; o
lutador de luta-livre Duque de Sardenha; e a
amante Helen Brownell, dona do hotel onde ele mora. Curiosamente, Camila
Lopez, por quem se apaixonara em Pergunte
ao pó, parece nunca ter existido na vida do glorioso Arturo Bandini.
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