A maioria das mulheres se
identificará com Dulce, a personagem de Só
as mulheres e as baratas sobreviverão, pequena novela de Cláudia Tajes,
publicada em 2010. Ou melhor, se identificará com a fobia de Dulce: as baratas.
Dulce é a personagem clássica da escritora gaúcha: na casa dos trinta, ainda
solteira, vivendo de romances esporádicos e com uma visão pessimista/irônica
dos homens e da vida. E com um medo avassalador de baratas.
“Até bem pouco tempo, as mulheres queriam ser médicas, professoras,
arquitetas. Hoje elas querem posar nuas, é uma verdadeira vocação”.
Num sábado à noite qualquer,
Dulce está se arrumando para sair com um sujeito que, quem sabe, venha a ser a
sua cara metade pelo resto dos seus dias. Ao tentar alcançar no closet aquele
vestido preto que “foi comprado no sistema rotativo, juro em cima de juro, e é
uma das razões de eu nunca conseguir quitar a fatura do cartão de crédito”, ela
se depara com uma barata bem cima da valiosa vestimenta. Estática, mas
assombrosa! É o início do fim de um relacionamento que nem tinha começado com
aquele sujeito que, quem sabe, viria a se tornar a sua cara metade pelo resto
dos seus dias.
“Como se chama aquele pedaço insensível que fica na base do pênis?
Homem”.
Trancada a porta do closet,
Dulce, apenas enrolada numa toalha, passa a recorrer a todos que pudesse
ajuda-la, da diarista a analista, passando por colegas que há anos não via e
pelo pretendente que possivelmente a esperava no restaurante onde tinham
combinado de se encontrar. Com uma escrita leve, fluida e muito engraçada, a
história voa. É um livro para as horas de tédio, para quando o leitor tiver de
ressaca de uma literatura mais densa. Para passar o tempo não há livro melhor.
“Por que os homens sempre dão nome ao seu pau? Porque não gostam que um
estranho tome noventa por cento das decisões por eles”.
Amei, vou ler! Aqui sempre uma boa resenha!
ResponderExcluir