Quando o jornalista cearense Lira
Neto escreveu a biografia Getúlio, publicada
entre 2012 e 2014 em três volumes, o também jornalista, só que gaúcho, Juremir
Machado da Silva questionou o “ineditismo” de alguns documentos utilizados na
obra. Segundo Juremir, o discurso de formatura de Vargas, como também o
processo de um crime cometido por um irmão do ex-presidente já era do
conhecimento de estudiosos. Outro processo, em que um índio é assassinado por
um homônimo de Vargas, já tinha sido citado por ele mesmo.
Independente das polêmicas entre
os dois jornalistas, o Getúlio de
Lira Neto, é incomparável melhor do que o Getúlio
de Juremir. Tudo bem que a comparação é forçada, já que um é uma biografia
e o outro é um romance biográfico ou biografia romanceada, mas se alguém quiser
conhecer a vida do ex-presidente Getúlio Vargas a fundo, o livro de Juremir
mais confunde do que esclarece. Publicado
em 2004 para marcar os cinquenta anos da morte de Vargas, Getúlio terminou ofuscado pela biografia de Lira neto menos de dez
anos depois, muito mais elucidativa.
O fio condutor (quando há) do
romance é o diálogo entre dois personagens fictícios: Tércio Ramos, biógrafo do
“pai dos pobres”, que durante o governo FHC discute com uma velha senhora
estrangeira antigetulista. O diálogo entre os dois carece de verossimilhança, uma
troca de ideias entre dois profundos conhecedores do assunto que é tratado como
se fosse novidade para ambos. Mas não
apenas de pontos fracos vive o livro: desnudar os personagens históricos com
precisão de luneta é um mérito de Juremir. Mas ainda assim eu fico com o Getúlio de Lira neto.
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