“O pior é que se a gente não consegue o que quer, continua querendo
para sempre. Então, para se deixar de querer, é preciso obter. É preciso
conseguir as coisas para saber que elas nada valem”.
O doutor Philip Harold Davis, o
PhD, é um “cientista do comportamento” que “notabilizou-se internacionalmente
por seus estudos visando resolver os problemas da fome mundial através do
canibalismo”, resolveu recrutar quatro cobaias para os seus “experimentos”: o
Jovem Promissor, um aspirante a escritor que narra toda a história; Vedetinha,
bela jovem, mas de intelecto limitado, por quem Jovem Promissor se apaixona
desde as primeiras páginas; Prima-Dona, misteriosa senhora de meia idade; e
Velho Canastrão, funcionário público aposentado e alcoólatra.
“A fantasia é sempre mais excitante que a realidade”.
O livro começa com uma das
“experiências” de PhD que consiste em fazer Jovem Promissor, vestido de padre, caminhar
por regiões movimentadas da cidade de mãos dadas com Vedetinha, vestida com
roupas insinuantes. O poder que PhD
exerce sobre seus recrutados não tem limites, chegando ao ponto de exigir ser
tratado por “Deus” e que todos fizessem seus pedidos que seriam aceitos. Tanto
poder termina se voltando contra ele próprio.
“A ideia de Deus parece-me uma bolha de sabão”.
Publicado em 1977, Simulacros é o quarto livro do carioca
Sérgio Sant’Anna, onde ele evidencia sua intenção nada modesta de “destruir as
formas romanescas”. E de fato, Simulacro é o romance antirromântico,
onde os personagens se destroem uns aos outros ao mesmo tempo em que demonstram
uma natureza autodestrutiva. Fantástica a narrativa em que PhD se autoproclama
“Deus” e tem sua autoridade “divina” contestada por Prima-Dona.
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