“Macon era o tipo de homem para quem o silêncio era melhor do que
música”.
Você já ouviu aquela história do
sujeito que está numa livraria ou numa loja de departamentos e se depara com
uma promoção de livros. Compra alguns por que estão baratos, põe na estante e
esquece sua existência por meses. Até que certo dia, inexplicavelmente, o
sujeito pega um deles para ler. E o livro cai como uma bomba na sua cabeça! Comigo
isso aconteceu com O turista acidental,
décimo livro da escritora norte-americana Anne Tyler, publicado em 1985. Confesso
que não tinha nem mesmo ouvido falar da sua adaptação para o cinema em 1988,
dirigido por Lawrence Kasdan com William Hurt,
Kathleen Turner e Geena Davis no elenco e diversas indicações para o Oscar e o
Globo de Ouro, já que não sou muito ligado em filmes.
“Estranho como se tornava subitamente tão claro, depois que uma pessoa
morria, que o corpo era a menor parte sua”.
Macon Leary é um escritor de
guias de viagem para quem não gosta de viajar como ele. Metódico, avesso ao
contato social e às convenções, vê seu casamento de vinte anos com Sarah acabar
após a morte do filho de 12 anos, Ethan. Depois de quebrar a perna num pequeno
acidente doméstico, Macon se vê obrigado a voltar para a casa dos irmãos,
acompanhado da gata Helen e do seu neurastênico cão Edward, que resolve atacar
todos em sua volta. Pressionado pelos irmãos, Rose, Charles e Porter, resolve
contratar uma treinadora de cães para domar a agressividade de Edward.
“Só temos liberdade de expressão, isso é tudo. Podemos dizer o que
quisermos, e então o governo vai e faz exatamente o que quer. Você chama isso de
democracia?”.
Muriel Pritchett é impetuosa,
determinada, espontânea, extrovertida, fala demais, se veste de uma forma
original, desorganizada, enfim, a antítese de Macon. Mas é a única pessoa que consegue lidar com a
fúria canina de Edward. Apesar de tão diferente de Sarah, com quem Macon estava
acostumado a conviver, Muriel começa a mudar a forma como ele vê a vida.
Aparentemente insensível, ele se vê tendo uma relação estreita e afetuosa com
Alexander, o frágil filho de Muriel, de sete anos, um garoto vulnerável a todo
tipo de alergias. Quando a vida de
Macon, após o divórcio, tinha tudo para continuar do jeito que estava, Muriel
chega para transformar tudo. Macon terá que conviver com o que ele menos gosta:
as mudanças de hábito.
Esse é o último texto de 2016. A
partir de hoje o blog entre de férias e retorna no dia 25 de janeiro de 2017.