João de Camargo (1858-1942)
nasceu escravo em Sorocaba, interior de São Paulo. Libertado pela Lei Áurea
(1888), foi soldado, cozinheiro, trabalhador de olarias e lavouras. Reza a
lenda que, em 1906, teve uma visão que o curou do alcoolismo e o fez iniciar o
projeto de criar a sua igreja no mesmo local da visão. Com fama de milagreiro,
foi preso diversas vezes por curandeirismo.
A produção de Paulo Betti e
Clóvis Bueno, de 2005, tendo como centro narrativo a figura de João de Camargo
(Lázaro Ramos), enfoca o sincretismo religioso, uma vez que o milagreiro teve
influências das religiões africanas (através da sua mãe), do catolicismo
(através da sua sinhazinha Ana Teresa Camargo e do padre João Soares do Amaral)
e ainda buscou beber na fonte do espiritismo. João tem como grande parceiro o
também ex-escravo Cirino (Leandro Firmino), que o acompanha na fundação da sua
igreja.
Após ser libertado por ter
participado da guerra, João passa a viver de trapaças, ao lado dos também
ex-escravos Cirino, Levinda (Valéria Monã) e Teodoro (Ronald Pinheiros).
Posteriormente, passam a trabalhar sempre em trabalhos pesados. João conhece
Rosário (Leona Cavalli), uma moça misteriosa que vem a ser sua esposa. Após
cinco anos de casamento, se separam após João flagrar Rosário com outro. Começa
a reviravolta na vida do protagonista. Bêbado, tem uma visão que o tira do
vício e o impele a fundar sua igreja.
Com o tempo, João passar a ser
visto pelos negros como santo, pela igreja e pelos brancos como charlatão. Isso
o leva algumas vezes à prisão. A mensagem do filme é que quando a religião nos
faz bem e nos restaura, como no caso de João, devemos continuar no caminho que
nos propomos a seguir ou que as circunstâncias nos obriga, como é o caso do
nosso protagonista. Um bom filme.
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