Dizem que a crônica é a prima
pobre entre os estilos literários. Apesar disso, a Arquipélago editorial lançou
a série Arte da crônica, da qual Certos homens, do romancista e cronista
mineiro Ivan Ângelo, é o terceiro volume (já foram publicados Nós passaremos em branco, de Luís
Henrique Pellanda, e Esse inferno vai
acabar, de Humberto Werneck). Apesar da “má fama” de prima pobre, a
crônica, na maioria das vezes, sobrevive ao jornal que a publica, que é
descartado no dia seguinte. Mas o que cabe numa crônica? Tudo, ou quase tudo,
cabe numa crônica: fatos corriqueiros, grandes acontecimentos, uma experiência
vivida, uma reflexão.
É o que acontece com o livro de
Ivan Ângelo. A própria orelha do livro diz: “Quase tudo o que cabe numa crônica
está nesse livro”. São cinquenta crônicas que foram publicadas na revista Veja São Paulo, com exceção de duas: Conversinha sobre o pum, inédita, e Um toque sem classe, publicada no jornal
O Tempo, em fevereiro de 1997. Algumas
crônicas tiveram seus títulos modificados pelo editor, seja por que a versão na
revista exigia títulos mais curtos ou por que assim quis o editor.
O livro inicia com uma certa dose
de nostalgia do autor ao falar de casos amorosos e dos conflitos deles
oriundos, destaque para Foi engano, onde
um fato corriqueiro (uma ligação feita para um número errado) pode interferir
nos destinos de duas pessoas. A literatura também é tema de uma das crônicas, Já ouvi isso antes, onde um autor fala
de um determinado pensamento que julgamos ser original ou de um certo autor,
mas que foi repetida e recriada décadas a fio. Ivan Ângelo utiliza o diálogo
para explicar alguns fatos, como a maravilhosa Conversinha sobre o pum. Um livro nostálgico, onde o autor não se
furta em analisar o presente. Vale a pena ler...
Nenhum comentário:
Postar um comentário