Toda arte tem que ser
transgressora. Se não transgride, não transforma, não cumpre integralmente seu
papel de indagar, questionar e transformar. A Poesia Marginal, ou Geração
Mimeógrafo, surgiu nos anos 70 para burlar a censura imposta pela Ditadura
Militar aos movimentos culturais da época. Intelectuais, professores
universitários, agitadores culturais, poetas e artistas em geral, inspirados
nos movimentos de contracultura, buscaram burlar a censura criando novos meios
de divulgação da arte e da cultura brasileira (música, cinema, teatro, artes
plásticas).
"O Paulo Leminski / é um cachorro louco / que deve ser morto / a
pau a pedra / a fogo a pique / senão é bem capaz / o filhadaputa / de fazer
chover / em nosso piquenique".
Uma das vertentes desse movimento
sociocultural e artístico é a poesia marginal, contrária a qualquer modelo
literário, não se encaixando em nenhuma escola ou tradição literária. Dentre
esses poetas de linguagem espontânea, coloquial e sarcástica, se destaca Paulo
Leminski, um curitibano filho de pai de origem polonesa e mãe de origem negra,
que teria feito 73 anos no ultimo dia 24 de agosto. Dono de uma personalidade
singular, encarnou o que havia de mais original na Geração Mimeógrafo: o
inconformismo e a rebeldia. Poeta, romancista, tradutor e crítico literário,
Leminski ganhava a vida como professor de História em cursinhos de
pré-vestibular.
“Nunca cometo o mesmo erro / duas vezes / já cometo duas três
/ quatro cinco seis / até esse erro aprender / que só o erro tem vez”
Estreou na poesia em 1964, aos 20
anos, com cinco poemas na revista Invenção,
dirigida por Décio Pignatari. Desde então, passou a produzir
compulsivamente poemas, haicai, ensaios e, nos anos 80, arriscou-se como
letrista, compondo Verdura, de 1981,
gravada por Caetano Veloso (De
repente/Vendi meus filhos/A uma família americana/Eles têm carro/Eles têm
grana/Eles têm casa/A grama é bacana/Só assim eles podem voltar/E pegar um sol
em Copacabana), além de músicas para Paulinho da Viola, A Cor do Som e
Paulinho Boca de Cantor. Fluente em seis idiomas (inglês,
francês, latim, grego, japonês, espanhol), entre os anos de 1984 e 1986
traduziu obras de John fante, John Lennon e Samuel Beckett. Paulo Leminski Filho morreu em 07 de junho de
1989, aos 44 anos, de cirrose hepática.
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