A vida é como o fermento, uma levedura que se move
por um minuto, uma hora, um ano, um século, um milênio, mas que por fim terá
paralisado os movimentos. Para manter-se em movimento, o grande come o pequeno.
Para manter-se forte, o forte come o fraco. O que tem sorte prolonga o seu
movimento por mais tempo- eis tudo.
Em 1893, pouco antes de completar
dezessete anos, Jack London quase morreu afogado após uma bebedeira. Foi
resgatado por um pescador e logo depois desse episódio embarcou num navio de
pesca rumo ao pacífico. Onze anos depois, London retratou essas experiências em
O lobo do mar, publicado um ano
depois de O apelo da selva, obra que
vinha fazendo um estrondoso sucesso de público e crítica. A obra, que tem um
viés autobiográfico já que o autor, por mais de uma vez, esteve embarcado,
aborda temas como a ética e valor da vida.
“Não sabe por acaso que o único valor que a vida
tem é o próprio valor que essa vida se atribui? E ela se superestima, já que
por necessidade deve defender a si mesma.”
Humphrey Van Weyden é um acadêmico bon vivant que vive às custas do
dinheiro do pai. Durante a travessia da Baía de São Francisco, quando voltava
para casa depois de visitar um amigo, a balsa naufraga e Humphrey é resgatado inconsciente
pelo barco de pesca Ghost. Quando
recobra a consciência, o náufrago descobre que está a caminho do Japão para uma
temporada de caça e o capitão se recusa a retornar para São Francisco. E essa
não é a única má notícia: o capitão é Wolf Larsen, um homem frio, bruto e
cruel, que não hesita em espancar até a morte quem ousa desobedecer aos seus
comandos.
“O
prazer é o preço da vida. Sem ele, não vale a pena viver. Trabalhar pela vida e
não ser pago é pior do que morrer. Aquele que sente mais prazer é quem vive
mais”.
Wolf Larsen não apenas se recusa a
retornar para são Francisco como vai obrigar Humphrey a pagar com trabalho duro
a sua “estadia”. Isso representará um pesado golpe para Humphrey, um sujeito
acostumado com uma vida de luxos e que nunca tinha trabalhado na vida. Nessa
relação de medo e intimidação, o “hóspede” descobre que Larsen, apesar da sua
brutalidade, é um autodidata que tem como hobby ler obras dos mais diversos
pensadores. A partir daí, a relação entre os dois se estenderá para discussões sobre
o bem e o mal, a existência da alma e a busca pela felicidade.
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