Henri Charrière foi preso em
1922, aos 25 anos, acusado por um crime que alega não ter cometido, o
assassinato de um homem. Condenado a prisão perpétua, foi enviado para uma ilha
prisão na Guiana Francesa conhecida pelo simpático nome de “Ilha do diabo”. Nos
quase treze anos seguintes, Charrière teria passado por inúmeros castigos nas
prisões do complexo penitenciário mantido pela França na sua então colônia na
América do Sul, incluindo dois anos trancafiado numa solitária. Durante esse
tempo em que esteve preso, não foram poucas as tentativas de fuga, até
finalmente conseguir em 1935, refugiando-se na Guiana Inglesa, que o
acolheu.
Os relatos dessas tentativas de
fuga deram origem ao livro Papillon, publicado
pela primeira vez em 1969. O título (borboleta, em francês) é uma referência à
borboleta tatuada no peito do autor do livro. O sucesso foi imediato. Traduzido
para várias línguas, vendeu cerca de catorze milhões de exemplares na época. Esse
sucesso só aumentou depois da adaptação para cinema feita em 1971, com Steve
McQueen no papel principal. Tudo isso seria fantástico se não fosse Henri
Charrière um farsante.
Segundo o jornalista Platão
Arantes, que investiga a vida do fugitivo desde 1989 com a ajuda de dois
peritos da polícia Federal, o verdadeiro Papillon chamava-se René Belbenoît e
liderou o grupo que fugiu da Ilha do Diabo do qual fazia parte Henri Charrière.
Da Guiana Inglesa, o grupo fugiu para o Brasil em 1940, estabelecendo-se em
Roraima, com exceção de Charrière que preferiu ir para a Venezuela. Homem culto,
Belbenoît já tinha publicado dois livros nos EUA ainda quando estava preso na
Guiana.
Em 1955, um diretor de cinema americano
pede uma espécie de roteiro de cinema que relatasse a fuga de apenas um
prisioneiro. Belbenoît escreve e resolve usar o antigo companheiro de fuga que
estava na Venezuela para enviar o manuscrito para os EUA. O problema é que
Charrière guardou o calhamaço por anos e, em 1969, depois de tatuar uma
borboleta no peito, resolveu publicar o livro com sendo dele. Independente do
final dessa história, Papillon é um
clássico moderno e vale a pena ser lido.
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