Um dia cheguei a pensar que o que
diferenciava o ser humano dos demais animais era a capacidade de pensar
racionalmente, a capacidade de se emocionar ou de se sensibilizar. A foto da
pequena Hudea, de 4 anos, nos mostra que fracassamos como seres humanos, não
passamos de mais uma espécie animal sobre a terra, talvez um pouquinho pior do
que as outras espécies.
O fato de eu não gostar da
companhia de pessoas chocava alguns, que achavam um exagero o desprezo que eu
nutria (e ainda nutro) pela maioria dos humanos (esmagadora maioria). A pequena
Hudea com seus bracinhos levantados e mãozinhas fechadas acima da cabeça mostra
que eu estava (e ainda estou) certo. O ser humano não vale a pena.
Quem me conhece sabe que sou meio
“ogro”, insensível, durão. Poucas coisas me comovem. Os lábios contraídos e os olhinhos
temerosos da pequena Hudea, fitando a câmera do fotógrafo turco Osman Sağırlı
me comoveram. Comoveram um velho “ogro” até leva-lo às lágrimas. Somente a
pequena Hudea para derramar lágrimas de olhos tão áridos.
A pequena Hudea foi clicada em
dezembro passado num campo de refugiados na Síria. Quando o fotógrafo turco
sacou sua máquina para clica-la, a pequena Hudea pensou tratar-se de uma arma e
se “rendeu”. A foto se tornou viral na Web e mostra como a brutalidade de uma
guerra em nome do poder e da religião destrói a inocência de crianças, que
desde a mais tenra idade já sabe o significado e a inutilidade de uma rendição.
Somente a pequena Hudea para nos mostrar
que a humanidade fracassou.
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