Tempos atrás li uma entrevista do escritor paulista radicado
no Rio de Janeiro Marcelo Mirisola no blog Máquina
de escrever, do jornalista Luciano Trigo, onde ele era chamado de “O Bukowski
Brasileiro”. Como sou fã do Velho Buk e curioso por natureza, resolvi conhecer
a obra desse escritor até então desconhecido para mim. Adquiri em livrarias
online três livros: O herói devolvido e Memórias da sauna finlandesa, ambos de
contos; e o romance Joana a contragosto.
O primeiro que li foi O
herói devolvido, coletânea com 30 contos, lançada originalmente em 1998 e
reeditada em 2000 com algumas revisões. Na maioria dos contos desse livro, o
que se vê é um arrazoado de palavras que, se postas em qualquer sentido, dirão
a mesma coisa, ou seja, nada. Mas nem tudo se perdeu! Alguns contos fazem jus à
fama de Mirisola: iconoclasta, ácido, politicamente incorreto, despudorado,
sarcástico. É o caso de Pepê, um cara
legal, em que o narrador faz sexo com um “mongoloide”. Também se salva Basta um verniz para ser feliz, que
narra a vida sem graça, mas “feliz”, de um casal de classe média.
Apesar da animação combalida, passei para a leitura de Memórias da sauna finlandesa (foto
acima), coletânea de 21 contos,
lançada em 2010. As características (as boas e as ruins) não mudam muito. Destaque
é o conto Para o Dostoievski do Jardim Casqueiro, onde Mirisola
mistura futebol com Mariana Ximenes e retorna ao enredo como se nada tivesse
acontecido. Há também o conto Canjica, onde
ele desmistifica o poeta Paulo Leminski, considerado uma unanimidade pelos “entendidos”
em poesia.
Ainda sem empolgação, parti para Joana a contragosto, romance de 2005, uma verdadeira ode ao “pé-na-bunda”.
O narrador quarentão é abandonado pela ninfeta Joana, de 21 anos, depois de
apenas um encontro amoroso e passa 187 páginas se lamuriando em um monólogo monótono,
repetitivo, verborrágico e enfadonho. De tão repetitivo, era possível dizer em
cinco páginas o que ele levou um livro inteiro para dizer.
Mas não desisti de Mirisola! Vou continuar lendo suas obras. O
fato de ser comparado ao Velho Safado conta a favor. Tal comparação não deve
ser em vão. Ser um escritor transgressor também conta a favor para que eu
continue lendo Mirisola. Mas o fato das Igrejas evangélicas não gostarem dele
significa que nem tudo está perdido. Se os evangélicos não gostam, então nem
tudo está perdido.
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