A educação brasileira (notadamente
a pública) vive num conto de fadas, um jogo de faz de contas: o professor faz
de conta que ensina, o aluno faz de conta que aprende, o poder público faz de
conta que presta um bom serviço, a sociedade faz de conta que recebe esse
serviço. Quando você vê uma celebridade, um político, um pensador (quem quer
que seja!) falando que um país só se desenvolve através da educação, que uma
sociedade só evolui se tiver uma educação de qualidade ignore. É tudo balela,
jogo de cena, verborragia inútil! Na prática, ninguém está ligando para a educação.
Ninguém mesmo!
E de quem é a culpa?
De todos! Do poder público, da
família, do aluno e até do professor. Ninguém (salvo raras e honrosas exceções)
está preocupado com a educação. O poder público enxerga a escola como um
depósito de crianças que a lei determina que têm direito à sala de aula; a
família vê a escola como o local onde ela deixa seus filhos para serem educados
(em todos os sentidos) enquanto pai e mãe trabalham; para o aluno, a escola é
aquele espaço onde ele interage socialmente com seus amiguinhos, eventualmente
estudam e, necessariamente passam de ano, de preferência sem precisar estudar;
o professor está lá apenas para receber seus (míseros) proventos enquanto a
chuva não passa.
Vou tentar ser o mais eficiente
possível na explicação sobre as responsabilidades de cada um.
O poder público até hoje não
conseguiu tornar a carreira de magistério atraente. Os cursos que formam
professores atraem, na maioria, aqueles que não conseguem fazer outra coisa. E
formam muito mal! Como também não consegue (ou não quer) remunerar esses
profissionais. Em 2008, o governo federal criou o Piso Nacional do Magistério.
Na época, alguns estados recorreram à justiça, mas o piso foi implantado.
No ano passado, seis estados (RR,
MS, GO, PI, SC e RS), recorreram novamente à justiça questionando o cálculo de
reajuste do Piso que, segundo a ação, seria inconstitucional, pois a lei
estaria impondo regras aos estados e municípios e o tal cálculo estaria muito
acima da inflação. Convém informar o salário bruto de cada um desses
governadores que se recusam a pagar R$ 1.567,00 aos professores (fonte: revista
EXAME):
Anchieta Júnior (PSDB): R$
26.700,00
André Puccinelli (PMDB): R$
25.444,09
Marconi Perillo (PSDB): R$
20.042,00
Tarso Genro (PT) e ex-ministro da
educação do governo Lula: R$ 17.347,14
Wilson Martins (PSB): R$
16.500,00
Raimundo Colombo (PSD): R$
15.000,00
Seria muito cômodo culparmos os
políticos, mas se observarmos o judiciário a situação não muda muito (talvez
até piore). No Amazonas, segundo o próprio TJ-AM, foi encontrado magistrado (mais
precisamente uma juíza) recebendo R$ 100.605, 51 líquidos por mês.
Recentemente, o TJ-RJ aprovou auxílio-moradia para os magistrados no valor de
R$ 5.000,00. Imoral? Tem mais: retroativo a dez anos!!! Nesse mesmo estado o
governador Sérgio Cabral recebe um salário bruto de R$ 20.600,00.
Em Rondônia, segundo o jornalista
Alan Alex, o TJ-RO paga R$ 4.500,00 de auxílio-moradia aos desembargadores.
Nesse mesmo estado, onde o governador Confúcio Moura (PMDB) recebe um salário
bruto de R$ 23.052,31 (fonte: revista EXAME) e o prefeito da capital, o senhor
Mauro Nazif (PSB), R$ 21.000,00 (Fonte: G1), os professores “mendigam” um
auxílio-alimentação de R$ 300,00, que lhe é negado em nome da Lei de
Responsabilidade Fiscal. Para essa gente,
o salário de professor é troco!
DÁ PRA LEVAR UM PAÍS DESTE À
SÉRIO?
Continua na segunda-feira...
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