O escritor mineiro Roberto
Drummond nasceu em Ferros em 1933 e tinha uma verdadeira obsessão pela morte.
Curiosamente, não procurou um médico quando sofreu o infarto fatal em Belo
Horizonte, durante um jogo entre Brasil e Inglaterra na Copa do Mundo 2002. No
livro Quando fui morto em Cuba, lançado
em 1982 e relançado em 2011, ele consegue reuni, em 16 contos, a sua obsessão
pela morte às suas duas paixões: o futebol e o cinema.
Organizado abertamente sob o espirito
do futebol, o livro se divide em duas partes: o primeiro e o segundo tempos e
entre eles há um intervalo, contendo um conto em que um narrador esportivo
“narra” os últimos instantes de vida do lendário craque do Botafogo carioca
Heleno de Freitas.
O Primeiro tempo do livro, que contém oito contos, começa com a
versão erótica do conto que dá título ao livro, cujo personagem é um travesti
apelidado de Marta Rocha, ícone da beleza nos anos 50, que foi jogador de
futebol (o travesti, não a Marta Rocha verdadeira). Uma referência a Heleno de
Freitas, que era apelidado pelos torcedores rivais de “Gilda”. Nessa parte do
livro, destaque para o conto Comendo
camarão grelhado, onde o autor mostra a indiferença da classe dominante com
a miséria reinante no país.
O Segundo tempo do livro contém também oito contos, com destaque para
Por falar na caça às mulheres, onde o
escritor deslinda o universo de violência contra a mulher, justificada pelos
homens pela infidelidade destas, mesmo quando esta infidelidade era apenas
virtual. Nesse conto, o empresário mata a esposa por esta ter se apaixonado
pelo ator Reginaldo Faria, que estrelava uma novela de sucesso na época. Detalhe:
ela o conhecia apenas pela TV. o conto que encerra o livro é a versão política
do primeiro conto, quando um ex-militante político na época da repressão recebe
um convite para visitar o país de Fidel e reúne os amigos da época da
militância para lembrar os mortos e descobrem o quanto mudaram desde a última
vez em que se viram.
Um livro para ser lido...
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