quarta-feira, 10 de abril de 2013

Quando fui morto em Cuba – Roberto Drummond


O escritor mineiro Roberto Drummond nasceu em Ferros em 1933 e tinha uma verdadeira obsessão pela morte. Curiosamente, não procurou um médico quando sofreu o infarto fatal em Belo Horizonte, durante um jogo entre Brasil e Inglaterra na Copa do Mundo 2002. No livro Quando fui morto em Cuba, lançado em 1982 e relançado em 2011, ele consegue reuni, em 16 contos, a sua obsessão pela morte às suas duas paixões: o futebol e o cinema. 
Organizado abertamente sob o espirito do futebol, o livro se divide em duas partes: o primeiro e o segundo tempos e entre eles há um intervalo, contendo um conto em que um narrador esportivo “narra” os últimos instantes de vida do lendário craque do Botafogo carioca Heleno de Freitas.
O Primeiro tempo do livro, que contém oito contos, começa com a versão erótica do conto que dá título ao livro, cujo personagem é um travesti apelidado de Marta Rocha, ícone da beleza nos anos 50, que foi jogador de futebol (o travesti, não a Marta Rocha verdadeira). Uma referência a Heleno de Freitas, que era apelidado pelos torcedores rivais de “Gilda”. Nessa parte do livro, destaque para o conto Comendo camarão grelhado, onde o autor mostra a indiferença da classe dominante com a miséria reinante no país.
O Segundo tempo do livro contém também oito contos, com destaque para Por falar na caça às mulheres, onde o escritor deslinda o universo de violência contra a mulher, justificada pelos homens pela infidelidade destas, mesmo quando esta infidelidade era apenas virtual. Nesse conto, o empresário mata a esposa por esta ter se apaixonado pelo ator Reginaldo Faria, que estrelava uma novela de sucesso na época. Detalhe: ela o conhecia apenas pela TV. o conto que encerra o livro é a versão política do primeiro conto, quando um ex-militante político na época da repressão recebe um convite para visitar o país de Fidel e reúne os amigos da época da militância para lembrar os mortos e descobrem o quanto mudaram desde a última vez em que se viram.
Um livro para ser lido...

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