“As mulheres foram criadas para a nossa ruína, e é delas que provêm
todas as nossas misérias”.
Nos acostumamos a relacionar
clássicos da literatura a livros enfadonhos com uma linguagem empolada que mais
afasta do que forma novos leitores. Pois é, esqueça isso ao ler Os três mosqueteiros, de Alexandre
Dumas, que numa prosa fluente usa do sarcasmo e do humor refinado para misturar
romances improváveis, intrigas palacianas e batalhas, muitas batalhas.
Publicado inicialmente em formato de folhetim entre março e julho de 1844, saiu
em formato de livro ainda no mesmo ano. A obra já surpreende no título, pois os
três mosqueteiros são, na realidade, quatro. E aquele que não é mosqueteiro de
fato, mas apenas “honorário”, D’Artagnam, é o grande protagonista da história.
“Há na riqueza uma profusão de detalhes e caprichos aristocráticos que
casam bem com a beleza”.
Em 1625, o gascão D’Artagnam
chegou a Paris com um propósito: ser mosqueteiro do rei, uma espécie de tropa
de elite real cuja missão principal era dá proteção à pessoa do rei Luís XIII.
Com uma carta de recomendação endereçada ao conde de Tréville, capitão dos Mosqueteiros,
o jovem se mete em trapalhadas que o levam a desafiar três mosqueteiros (Athos,
Porthos e Aramis) ao mesmo tempo e no mesmo local (uma enrascada de proporções
suicidas). Ao mesmo tempo em que as suas trapalhadas lhe metem em encrencas,
também o salva. Foi o que aconteceu! Por trapalhadas, dessa vez do destino, os
quatro se tornam inseparáveis, e D’Artagnam um mosqueteiro, digamos,
honorário.
“De todas as paixões, o amor é a mais egoísta”.
O professor da literatura da
Universidade de Córsega, Pascal Marchetti-Leca afirma que Dumas foi o fundador
do romance histórico com um método trivial: recriar fatos históricos com
maestria. À quem o acusava de “violentar” a história para atender a seus
caprichos de ficcionista, ele respondia: “Sim, reconheço que a violento, mas
faço lindos filhos com ela”. E é verdade. Mas, afinal, os três mosqueteiros
existiram? Segundo o historiador francês Jean-Christian Petitfils, sim, eles
existiram, mas nunca atuaram juntos. E isso faz diferença?
Nenhum comentário:
Postar um comentário