No final de janeiro, os irmãos
Jorge e Joaquim Siqueira (foto acima) foram presos na Grande Vitória acusados de promover um
arrastão num ônibus usando uma arma de brinquedo. Na delegacia, Jorge confessou
o crime e disse que “o crime é uma uva. Gostosinho!”. Jorge não é sociólogo,
não é antropólogo nem filósofo, mas definiu com maestria o que é o crime no
Brasil: “uma uva. Gostosinho!” Num país onde se vive entre prostitutas e
rufiões do dinheiro público, o crime deve ser muito ”gostosinho”. Num país onde
impera o desejo desenfreado de ganhar dinheiro, de preferência sem trabalhar e
de forma ilegal, o crime deve ser “uma uva” mesmo.
E olha que não estou me referindo
somente à nossa indigna classe política, que aí já é exigir virgindade de
prostituta. Estou falando de todo mundo: dos miseráveis aos abastados; de
doutores à analfabetos; do Executivo ao Legislativo, passando pelo Judiciário;
do municipal ao federal, passando pelo estadual; do cabo da enxada à toga; do
Oiapoque ao Chuí; das prostitutas aos rufiões. Quem ainda não cometeu um
deslize moral é por que ainda não teve sua honestidade colocada à prova.
São advogados que abusam de seus
clientes ao cobrarem honorários exorbitantes; são médicos que fazem cirurgias
ou prescrevem remédios desnecessariamente em troca de uma graninha extra dos
laboratórios; são professores que fazem de conta que dão aula e alunos que
fazem de conta que aprendem; são juízes que cobram para fazer justiça, proferindo
sentenças em troca de bojudas mesadas; frauda-se o seguro-desemprego, o INSS, a
inteligência alheia e a paciência de todos. Nesse grande prostíbulo moral, quem
é passado para trás é o cliente que paga para não ter o serviço prestado e
continua virgem, até que alguma puta lhe abra as pernas.
É, Jorge, numa país de
prostitutas e rufiões, nem deus é fiel...
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