Os brasileiros tentaram importar
dos EUA o Black Friday, em tradução literal “Sexta-Feira Negra”, que por lá é a sexta-feira
após o Dia de Ação de Graças, um dia tradicional de descontos no varejo
americano. Por aqui, o mais apropriado seria “Sexta-Feira Azul”, quando o
comércio realiza promoções para tentar sair do vermelho. Como por aqui não se
comemora o Dia de Ação de Graças, o brasileiro resolveu colocar um tempero
tipicamente nacional no tradicional dia de descontos dos americanos: a
desonestidade.
Reitero que o único produto
genuinamente brasileiro é a desonestidade. Não me venham com papo furado de
samba, caipirinha ou futebol, por que nesses três quesitos a desonestidade dá
as caras também. Samba plagiado, cachaça batizada ou falsificada e jogador
simulando falta para enganar juiz são tão comuns por essas plagas quanto fraude
em licitação ou superfaturamento de obras públicas.
Por que haveria de ser diferente
com o tradicional dia de descontos dos americanos, realizado no Brasil há
quatro anos? Contaminado pela desonestidade tupiniquim, o evento aqui já está
sendo chamado de “Black Fraude”, numa tentativa patriótica de diferenciar o
nosso evento do evento dos “gringos”. De acordo com o site reclame Aqui, o
número de reclamações vem crescendo ano a ano, principalmente por causa da
maquiagem de preços (aumento de preços dias antes do evento para dar o “desconto”
no dia), a ponto de os produtos que ficaram mais caros no dia do evento ser o
dobro dos que efetivamente receberam descontos.
Não basta ser desonesto, tem que
ser ambicioso também. E o brasileiro é o pior tipo de ambicioso: aquele que não
ambiciona conquistar através do trabalho, mas através do embuste, da fraude, do
logro, da simulação, do ardil, da artimanha, da cavilação, da intrujice, da
falcatrua. Enfim, de qualquer forma que torne possível passar alguém para trás.
O Brasil é uma great fraude!
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