Quando falei nesse blog sobre Cinquenta tons de cinza, deixei bem
claro por que acho o livro de E. L. James um obra de menor envergadura (ou
nenhuma!) e um livro pretensamente erótico de uma superficialidade abissal
(olha o paradoxo!!). Quem quiser ler um livro verdadeiramente erótico, um
clássico do gênero, ei-lo: A Vênus das
peles, do austríaco Leopold Von Sacher-Masoch. Nele, no lugar do Cristian
dominador, há o Severin dominado. No lugar da Anastasia dominada, há a Wanda
dominadora. E, ao contrário de Cinquenta
tons..., o livro não é dirigido apenas às mulheres casadas que querem fugir
da rotina, mas para todos que querem ler um bom clássico erótico, homens ou
mulheres, casados ou solteiros.
“Só se pode verdadeiramente amar o que está acima de nós, o que nos
oprime pela beleza, pelo temperamento, pelo espírito, pela força de vontade, e
se torna nossa déspota.” (Severin).
Sacher-Masoch nasceu em 1836 e
ganhou a vida como jornalista. Aspirando tornar-se um escritor de primeira
linha (o que conseguiu), tinha um projeto ambicioso: publicar uma coleção de 20
livros, intitulada O legado de Caim, na
qual trataria da condição humana na terra em seus aspectos literários, naturais e filosóficos. No entanto, Masoch se
rendeu à suas inclinações e perversões e passou a retratá-las fielmente em seus
romances (A Vênus das peles, inclusive,
que é biográfico) o que levou o seu nome a ser associado à tendência pela qual
a pessoa busca o prazer através da dor e do sofrimento, o masoquismo.
“Nada me é mais passível de intensificar a paixão do que a tirania, a
crueldade, e, sobretudo a infidelidade de uma bela mulher.” (Severin).
Severin é um jovem nobre que vive
uma paixão com a também jovem viúva Wanda. O relacionamento de ambos se pauta
na tendência de Severin em ser dominado, o que Wanda aceita, a princípio com
relutância. Num contrato assinado entre os amantes, Severin se torna escravo de
Wanda que passa a dispor da vida do amado da forma que bem entender. A história
é repleta de cenas em que Severin é chicoteado, humilhado e traído pela sua
dona, o que lhe proporcionava imenso prazer, que Wanda passou a compartilhar
com seu parceiro. Para quem quiser abrir a “Caixa de Pandora” dos fetiches e
fantasias, esse livro pode se transformar numa bíblia. Um livro indispensável
para quem gosta de literatura erótica.
“...quanto mais aviltantemente com ele brincar, e menos piedade
demonstrar, maior será a volúpia suscitada no homem, mais será ela por ele
amada, e contará com sua adoração.” (Wanda).
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