“Preocupada com a ideia de ir para um esconderijo, juntei as coisas
mais malucas na pasta, mas não me arrependo. Para mim, lembranças são mais
importantes do que os vestidos”.
Anne Frank era uma menina judia
alemã de 13 anos que vivia com a família em Amsterdã, na Holanda. Quando o
exército nazista invade o país, a família é obrigada a se esconder para não ser
enviada para campos de concentração. O período em que a família fica confinada
no anexo secreto no sótão da empresa do pai de Anne, de julho de 1942 a agosto
de 1944, foi registrado pela adolescente em seu diário, publicado pela primeira
vez em 1947, pelo seu pai, Otto Frank, único sobrevivente. Desde então, O diário de Anne Frank se tornou um best-seller, traduzido para
mais de 50 idiomas e adaptado para TV, cinema e teatro.
“Acho estranho os adultos discutirem tão facilmente e com tanta
frequência sobre coisas tão mesquinhas”.
Além de ser a mais famosa
história pessoal do Holocausto, O diário
de Anne Frank é também o único relato de alguém que não sobreviveu à
perseguição nazista. Normalmente, os relatos são de pessoas que sobreviveram
para contar seus infortúnios. Mas o livro também é o relato dos dramas de uma
adolescente que passou mais de dois anos confinada num espaço exíguo com outras
oito pessoas, seus conflitos internos e com os outros habitantes do sótão, sua
solidão e frustrações. Lendo o relato, observa-se menos uma heroína e mais uma
jovem recém-saída da infância que tem seus sonhos frustrados e seus desejos
roubados por uma guerra insana.
“Excelentes espécimes da humanidade, esses alemães, e pensar que na
verdade sou um deles!”
Mas nem só de glórias vive o
livro. São muitas as polemicas em torno do best-seller. A maior delas seria que
o livro não teria sido escrito por Anne. Nos anos 50, o escritor Meyer Levin
moveu uma ação contra Otto reclamando os direitos de autor do diário e a falta
de pagamento pelo trabalho. Ganhou a ação e levou 50 mil dólares de indenização.
Pego na mentira, Otto afirmou que não revelou os originais, apenas as
transcrições feitas por Levin, por que Anne fazia duras críticas à mãe e
revelava detalhes íntimos de sua relação com o jovem Peter, também confinado no
anexo. Em 2007, o diário foi considerado autêntico.
“Eu me agarro a papai porque meu desprezo por mamãe cresce dia a dia, e
só por intermédio dele consigo manter o pouquinho de sentimento familiar que
ainda trago dentro de mim”.
Sendo verdadeiro ou não, O diário de Anne Frank é hoje o maior
sucesso editorial do mundo, com vendas estimadas em 35 milhões de exemplares.
Claro que com esses números, Anne Frank e tudo relacionado a ela virou um filão
valioso. O local onde ficou escondida virou museu e as filas de visitantes se
entendem diariamente das oito da manhã às nove da noite; várias versões do
livro foram lançadas, até chegar a uma “definitiva” recentemente; biografias da
adolescente escritas por quem conviveu com pessoas que conviveram com ela
enchem as livrarias; sem contar as adaptações para cinema, teatro e TV.
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