“Renato foi o cara, o motor, a força motriz, a centelha. Era um cara
que se destacava desde a época do Aborto e, no começo da legião, já era
considerado um ídolo por parte da turma...”
O lançamento de qualquer livro
sobre a Legião Urbana cria uma expectativa nos fãs da banda. Não foi diferente
com Memórias de um legionário, de
Dado Villa-Lobos, guitarrista da banda que contou com a ajuda dos historiadores
Felipe Demier e Rômulo Mattos, publicado no ano passado para comemorar os
trinta anos do primeiro álbum da banda de maior sucesso do rock nacional.
Infelizmente, as expectativas não foram atendidas, no meu caso. O livro traz
poucas “novidades” em relação aos tantos outros livros lançados sobre o mesmo
tema, a diferença é que, nesse caso, aborda os temas tão somente da perspectiva
do guitarrista da banda.
“Embora a banda estivesse mais coesa, o nosso relacionamento interno
não era nem nunca chegaria a ser como o d’Os Paralamas (...). Cada um de nós
sempre foi muito reservado em relação aos outros membros do grupo”.
Tudo bem, não é pouca coisa ler a
versão de quem estava presente no dia-a-dia da banda, próximo daquele a quem
muitos reverenciam como um deus e se transformou num mito após a morte. Sem
contar que o autor é um dos fundadores da banda que se transformou numa
verdadeira religião para muitos jovens da geração dos anos 80 e até mesmo das
gerações que vieram depois, que os conhece somente pelas gravações deixadas
para a posteridade. Mas nem tudo isso junto diminuiu a minha frustração diante
da expectativa frustrada após ler o livro.
“Nunca fomos artistas palco propriamente ditos, embora os nossos shows
pudessem explosivos”.
Dado dá seu depoimento sobre o
processo produtivo da banda, como as músicas eram compostas e os discos
gravados. Nada de novo, a não ser a sua opinião sobre o melhor disco e a melhor
música. Outros temas abordados são os “chiliques” do Renato Russo (regados a
muito álcool e drogas) e as crises de estrelismo do Bonfá, que era do
conhecimento de todos, só não tínhamos ainda ouvido as histórias contadas por
um companheiro de banda, alguém que estava presente em todos os momentos
íntimos da banda. No entanto, não deixa de ser emocionante o episódio quando o
Dado toma conhecimento da doença do Renato, a forma como ele relata a
decadência física do amigo.
“E ele (Renato Russo) era emocionalmente instável, sozinho e complicado
de se relacionar amorosamente, o que só dificultava as coisas”.
Mas, como todo fã da Legião
Urbana, mesmo acreditando que tudo o que tinha que ser contado sobre o quarteto
já foi contado, se aparecer mais um livro sobre o tema, vou ler. Se não para
conhecer algo anovo, pelo menos pata reviver o que já se sabe.
“Diferentemente da maioria dos grupos de rock, àquela altura, cair na
estrada significava para nós fazer um grande show por semana, na maioria das
vezes”.
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