“O amor nasce das excelências interiores.”
Numa família católica e
conservadora dos anos 20, uma professora alemã é contratada pelo patriarca não
para ensinar as letras ao seu filho, mas para inicia-lo nos mistérios do sexo. Sousa
Costa, preocupado com a iniciação sexual do seu filho Carlos, contrata Elza, de
descendência alemã, para, oficialmente, dá aulas de música para seus filhos e,
nesse meio tempo, tirar a virgindade do mais velho. No começo, o jovem não se
interessa muito pelas aulas, mas quando percebe a beleza da professora, se
torna um aluno exemplar.
“Assim se fingem as cóleras, e os machos se impõem, enganando a própria
vergonha”.
Isso, por si, já seria motivo
para Amar, verbo intransitivo, do
escritor modernista Mário de Andrade, publicado
pela primeira vez em 1927, causar escândalo na época. Mas não foi apenas por
isso que a obra causou furor entre críticos e leitores. Começa pelo título, que
tem duas provocações. A primeira delas é que o verbo “amar” não é intransitivo,
mas transitivo direto. Outra provocação ainda na capa é que a obra é
classificada como “idílio”, palavra que significa uma forma singela de amor. O
que não é o caso do romance que envolve Elza e Carlos.
“É uma prática boa de honestidade não voltar atrás sem muita
insistência dos outros”.
As provocações continuam no texto
da obra. Mário de Andrade usou a linguagem coloquial, com gírias e erros
gramaticais. É como se o leitor estivesse ouvindo, e não lendo o livro. As
provocações não param por aí. No decorrer de toda a história, o autor usa a
personagem Elza para tecer elogios aos alemães, que tinha imigrado para a
cidade de São Paulo. No entanto, ao final da história, o enaltecimento acaba
quando Mário coloca o europeu como um povo metódico e incapaz de se adaptar ao
calor dos trópicos.
Esse é Mário de Andrade, um
escritor que tinha uma alma transgressora.
“Que coisa misteriosa o sono!... Só aproxima a gente da morte, para nos
estabelecer melhor dentro da vida...”.
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