Que a educação pública brasileira
está falida isso não é segredo para ninguém. Que o aluno brasileiro tem uma
capacidade intelectual sofrível, isso até as almas do além já perceberam. Que o
desempenho acadêmico do professor brasileiro é risível, até os péssimos livros
didáticos sabem. Que o ambiente escolar não é o lugar mais propício ao
desenvolvimento de atividades intelectuais (ao contrário: é um ambiente que
“emburrece”), isso até quem lá frequenta já notou. Mas agora chegamos ao fundo
do poço, pelo menos até que algo pior aconteça, o que não muito difícil quando
se trata de educação brasileira.
É “moda” entre adolescentes das
escolas brasileiras uma brincadeira chamada de “Charlie Charlie”, que consiste
em colocar duas canetas cruzadas e escrever as palavras “sim” e “não” nos quadrados
formados por elas. Quando a pessoa “invocar” o espírito, chamando-o de “Charlie
Charlie”, se a caneta se movimentar para a palavra “sim”, o dito está presente.
Se a caneta se movimentar para a palavra “não”, obviamente o fantasma está para
as bandas do além. É uma brincadeira estúpida, mas mais estúpida é a reação de
adolescentes que participam da brincadeira.
Brasil afora, foram registradas
as mais variadas reações: gente estrebuchando, incorporando, gritando,
correndo, desmaiando, vomitando, brigando. Reações insanas! Mas é perfeitamente
compreensível, já que adolescente consegue conciliar uma criatividade ilimitada
com uma estupidez sem tamanho. Mas a estupidez que não se aceita, a burrice
desmedida que é intolerável, é a forma como os adultos tem encarado essa
bizarrice. Há escolas que estão chamando pastores para exorcizar os
“incorporados”; em outras escolas, faz-se correntes de oração para espantar o
“tinhoso”; é comum ver professores (?) e diretores manifestando temor diante da
“presença” de tão incomum força sobrenatural.
E tudo isso num ambiente onde
deveria predominar o conhecimento e não a superstição, a razão e não o
misticismo, a ciência e não a ignorância. Mas vamos manter a tranquilidade! A
escola ultimamente tem sido um ambiente tão tenso, carregado e obscuro, que nem
o capeta se anima em frequentá-la.
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