sexta-feira, 8 de maio de 2015

Deus e a esperteza na terra da ignorância



Santa Bárbara d’Oeste, no interior de São Paulo, é uma cidade que não enfrenta os problemas que a maioria dos centros urbanos brasileiros enfrenta. Lá, todo o esgoto é captado e tratado, todas as casas são abastecidas com a água tratada, os pais não enfrentam problemas em encontrar vagas nas escolas para seus filhos, os estudantes tem merenda de primeira qualidade e professores bem remunerados, os postos de saúde têm atendimento de primeiro mundo. Enfim, é um paraíso encrustado num inferno chamado Brasil.
Não conheço Santa Bárbara d’Oeste e confesso que não fiz nenhuma pesquisa para chegar a tais conclusões. O que me fez chegar a diagnóstico tão positivo foi o projeto de lei do vereador Carlos Fontes (PSD) que proíbe a implantação de chips em moradores do município. Prevendo a proximidade do fim do mundo, o  edil chamou para si a responsabilidade e a nobre missão de impedir uma “ordem mundial satânica”, onde todos serão rastreados. Pasmem, Isso é verdade!  E não é necessário dizer que o vereador é evangélico. E não é necessário dizer também que foi eleito com os votos dos seus “irmãos de fé”, que esperam que o eleito trabalhe.  
Tentando mostrar trabalho, o senhor Carlos Fortes resolveu jogar para a plateia e, o que é pior, com a ignorância da plateia. Somente isso justifica um projeto de lei bizarro, estapafúrdio, esdrúxulo, doidivanas. Embriagados com a fé dos púlpitos e com a boa retórica dos pastores, os pobres irmãos de fé do edil vão se sentir protegidos pelo projeto de tão atuante vereador, que os pouparão de serem amaldiçoados pela “marca da Besta”. Não sabem os ignorantes que as “bestas” são eles. Isso é o Brasil...

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