A conheci, pequenos. Pouco depois
que conheci o Sol, a Lua, as Ruas,
Exatamente quando, não sei:
desconheci o sol de minhas manhãs. Achando-o maravilhoso, ele chicotechateava
as costas de alguém acorrentado a uma enxada.
Chegadas as noites, desconheci a
lua. Uma deusa-ciclope, velando meus sonhos, também levava para si gritos e
pedidos de socorro e como deusa (desde a fabricação da
angústia-de-não-ser-ouvido) aos socorros se fingia mármore, quase não contendo
o sorriso esguelhado para seu lado sombrio.
Caminhando para casa, desconheci
as ruas. Dizia-as abençoadas pelas, mesmo inseguras, sensaçõvisões mais belas:
desejo se concretizando ...ao longe... o risco-certo do pode-não-ser. Percebo;
elas se dão a palco para as facas rasgadoras de vidas, estupradores de
liberdade e espancadores com cassetetes oficiais.
Vitudoporumoutroladoeamultiplicidadedecadaladoeainfinitudedamultiplicidade
e, mesmo estranho, ninguém além de mim mesmo.
Primeiro olhei, lindo; segundo
olhei, horrível; terceiro, vi: a primeirúltima das margens do principício; o
Zero. Reconheci tal mundo como único possível. Passei a amá-lo por que sem
opção para odiá-lo.
Tão sensível, passou em minha
visão e com o som de suas curvas já a sentia no tato. Desconheci sua atribuída
imagem. Reconheci seu sorriso sonhador. Devolvi a seus olhos o mistério, a
sensualidade, ignorados pelo Poderoso-burro julgamento coletivo.
Foi preciso um terremoto pro
vermelho embranquecer e uma puta virar noiva.
*Deivis Duran (http://litaratura-deivisduran.blogspot.com.br/)
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