Para as crianças, o natal é a melhor coisa do mundo, pois é época de ganhar presentes. Para os mais tradicionais, é época de confraternização, tapinhas nas costas, feliz natal pra cá e próspero ano novo pra lá, presente pra um, lembrançinha pra outro. Para todos é época de trânsito lento, quase parado, lojas lotadas, aeroportos idem e muita gente para onde quer que vá. Para os cristãos é época de celebrar o nascimento de Cristo.
O natal, apesar de ser a maior festa cristã, nasce como uma festa pagã, no século IV. Na Roma Antiga, dividida entre cristãos e pagãos, o 25 de dezembro era dedicado ao deus da colheita Saturno (as Saturnais) e marcava o início do verão. Inclusive a tradição dos presentes vem da festa pagã. Para se contrapor a essa festa, os cristão colocaram o nascimento de Cristo na mesma data.
Apesar de ter “sobrevivido” como o Messias do mundo cristão, Jesus não era o único pretenso profeta na sua época. Como os judeus estavam sob dominação romana depois de 89 de independência, o clima era de inconformismo, propiciando o surgimento de pessoas que prometiam qualquer coisa, inclusive o fim do mundo. Eis alguns deles:
Apolônio de Tiana – muito mais popular do que Jesus, nasceu por volta do ano 2 a.C. tinha fama de ressuscitar os mortos. Fundou uma escola em Éfeso. Morreu em 98 e seus seguidores continuaram ativos por pelo menos 150 anos.
Simão, o Mago – citado na Bíblia de forma pouco lisonjeira, indica que era um concorrente dos cristãos. Afirmava que existiam duas encarnações de Deus na terra: ele e Helena, uma prostituta com quem se casou. Seus seguidores só desapareceram no século IV.
Honi – Era considerado por alguns rabinos o filho de Deus enviado a terra. Vivia isolado e comia pouco. Como Jesus, atribuía seus milagres à fé de quem os pedia.
João Batista – era dois anos mais velho do que Jesus e mais popular do que ele. Batizou Jesus. Seus seguidores mantiveram uma religião por 3 séculos. Os discípulos de Jesus incorporaram a forma como João praticava o batismo.
Jesus de Ananias – Jesus era um nome comum na Palestina. Esse Jesus foi preso, mas absolvido. Foi considerado louco.
Banus – pregava o apocalipse e que era preciso abandonar o apego aos prazeres mundanos. Seus seguidores se dispersaram depois da sua morte.
Eleazar – era um conhecido exorcista na época. Seus diálogos com os demônios lembram as frases de Jesus.
Hanina Ben Dosa – Tinha fama de fazer chover, de curar doentes e de fazer renascer árvores e animais. Há referencias a ele no Evangelho de Lucas. Viveu e morreu na miséria.
Menahem, o essênio – respeitado pela sua capacidade de fazer profecias, foi acusado de conspirar contra os romanos. Foi julgado e crucificado. Para o historiador Israel Knohl, Jesus conhecia a sua história e queria para si um destino parecido.
Jesus era o menos conhecido desses pretensos profetas. Segundo historiadores, se na época existisse mídia, a morte de Jesus não teria saído nem como nota de rodapé. Mas se Jesus era tão pouco conhecido, como se tornou o Messias dos cristãos. Os mais devotos com certeza irão responder: “Por que era o verdadeiro!”. Não. Jesus se tornou o Messias por outras razões.
A primeira delas é que Jesus manteve a prática de João Batista de aceitar não judeus como seus seguidores (algo que outros pregadores não aceitavam). Isso diminuiu o impacto da sua pregação, mas se mostrou fundamental depois da expulsão dos judeus de Jerusalém. A segunda era que a pregação de Jesus era mais suave do que a dos outros. Se fosse apocalíptico, militarista ou judaizante radical seria mais popular em vida. No entanto, depois de morto, suas idéias foram mais aceitas. A terceira razão foi o papel de Paulo, que levou os ensinamentos de Jesus para fora da Palestina. Sem ele, o cristianismo ficaria restrito ao Oriente Médio. Por último, em 313, o imperador Constantino deu liberdade de culto aos cristãos, pondo fim às perseguições, favorecendo o crescimento da religião.
Portanto, escolha o seu profeta e tenha um feliz natal.
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