O livro relata um episódio ocorrido no dia 18 de julho de 1969: o roubo de um cofre do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros que estava escondido na casa da ex amante, Ana Capriglione. O autor baseou-se, principalmente, nos relatos de Antônio Roberto Espinosa, que participou dessa e de outras ações da esquerda armada. A ação foi planejada e executada pela VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), uma das inúmeras organizações de esquerda da época, e rendeu cerca de U$ 2,5 milhões. Como o dinheiro que estava no cofre era fruto de corrupção quando Adhemar estava no governo paulista (na época do roubo ele já tinha falecido) e estava na casa de uma ex-amante, ninguém reclamou. Isso contribuiu para o episódio entrar no rol das lendas urbanas. Todo mundo falava do fato, mas ninguém confirmava a sua veracidade.
O livro é maniqueísta, uma vez que ouviu apenas os militantes das organizações de esquerda. Estes são os mocinhos, os militares os maus. Mas serve para esclarecer dois episódios ocorridos durante a Ditadura Militar. O primeiro deles é o que dá nome ao livro. Nos últimos cinqüenta anos o episódio foi considerado lenda urbana. Adhemar de Barros, político populista, adotou o lema (criado por um desafeto) “Rouba, mas faz”. E ele levava o lema a sério! Na época, havia a informação de que dez cofres estavam escondidos em lugares desconhecidos recheados com U$ 25 milhões. Tudo produto das falcatruas do ex-governador. Os outros nove nunca foram localizados. O outro episódio esclarecido pelo livro é a participação da presidente Dilma Roussef na luta armada. No ano passado, adversários da então candidata espalharam a notícia na internet de que ela teria sido assaltante de banco. Mas não explicaram em que contexto! O livro mostra com clareza a participação de Dilma na luta armada. Aliás, desconfio que o único objetivo real do livro seja esse.
O livro também mostra que a possibilidade de tomada do poder pela esquerda era uma miragem não só para a própria esquerda, mas para o governo também. A esquerda era desarticulada e amadora nas suas ações. Não tinha a mínima chance de tomar o poder. O episódio da fuga de Lamarca do quartel, levando dezenas de fuzis, termina num episódio pitoresco: as armas foram roubadas por outro ícone da esquerda, Carlos Marighela. Teve ocasiões em que os chefes das organizações “terroristas” tiveram que resolver problemas de adultério entre seus membros. O exército também deu sua contribuição ao amadorismo: em um cerco a Lamarca e mais quatro guerrilheiros, 1.500 homens do exército conseguiram deixar que os fugitivos passassem por uma barreira vestidos com fardas da instituição e fugissem. Por fim, o livro desmistifica aquela história de que “a esquerda só se une na cadeia”. Nem lá!
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